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quarta-feira, maio 23, 2007

JG

"... manifestantes também interromperam serviços públicos e tumultuaram o trânsito...

...A violência foi o método escolhido por manifestantes que tentavam, em São Paulo...

Um grupo radical de militantes – entre eles alguns ligados ao mesmo movimento que já invadiu laboratórios de pesquisa e atacou empresas privadas do agronegócio – tomou de assalto a sala de controle da segunda maior hidrelétrica do país, a de Tucuruí, com uma extensa lista de reivindicações. "
http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20070523-282732,00.html

CUT

"A campanha da Fiesp, com o apoio da OAB-SP e da Rede Globo é de que fiscal não é juiz. A CUT, a CGTB e o conjunto dos movimentos sociais estão aqui para dizer que o trabalhador não é empresa, que quer acesso aos direitos constitucionais e à CLT, e que não vamos admitir qualquer tentativa de extinção ou flexibilização de direitos", afirmou o presidente nacional da CUT, Artur Henrique da Silva Santos.

O líder cutista frisou que "é preciso que a sociedade saiba o que é a emenda 3, e parar isso é necessário que os companheiros se comprometam a fazer assembléia em suas bases, ampliar a comunicação e a informação".

A verdade, como registraram os manifestantes, é que a emenda 3 agride o mais elementar, o mais primário, o mais primitivo direito que um trabalhador pode ter: simplesmente, o de ser reconhecido como trabalhador. A emenda transforma o empregado da empresa em "pessoa jurídica", o chamado "pj", "empresa de uma pessoa só", prestador de serviço sem registro em carteira e, portanto, sem acesso a nenhum direito.

Ou seja, em vez de relações trabalhistas, teríamos relações entre empresas, onde não haveria mais patrões, mas "clientes"; nem empregados, mas "prestadores de serviço".

O problema é que uma das "empresas" é composta por um único trabalhador, colocado à mercê da outra, a quem é dado o direito de ignorar os direitos do trabalhador, pela negação de sua existência, ou seja, pela farsa de considerá-lo uma "pessoa jurídica".
http://www.cut.org.br/

sexta-feira, maio 18, 2007

Festival Palco Giratório do Sesc Porto Alegre

Desde quando a arte é apenas isso?
Vida, o Filme, é o meu favoritíssimo livro de Neal Glaber, jornalista americano, que coloca em foco a política do entretenimento, uma sociedade em que todo mundo se diverte e poucos governam.

A peça, Vida, o filme, do grupo "Os Desequilibrados" faz uma adaptação deliciosa do tema. Alguém disse que achou um besteirol. Não, na verdade é sobre o besteirol. É criativa a forma como essa nova e quase única "cultura" global - os filmes que todos vimos, o único assunto que nos une- penetra na cena causando choque, riso e reflexão. Tudo bem, tem gente que não vai entender, mas a arte vai salvar o mundo. Pelo menos não todo o mundo.

Sim, eles repetem a bendita frase "Eu sou Adam, príncipe de Etérnia" mil vezes.
Mas a brincadeira sobre realidade ficcional ou ficção real é retratada de mil formas inteligentes: num debate sem fim sobre filmes, tantos que já misturamos esses estereótipos todos, em um debate entre "Ficção-Nietzsche" e "Realidade-Platão", numa falsa cena de Beckett, num reality-show sobre ninguém, num telão mixando cenas real e fictícias, etc... Soluções técnicas interessantes, desde o palco nu, até luzes de camarim na roupa e um uso muito razoável do telão, como na seqüência "a- vida- é- um- clichê" do amor fracassado.

Os atores, Cristina Flores, Saulo Rodrigues, José Karini e Ângela Câmara brincam de modo consciente e dão o tom certo do deboche no pop.
Hoje, quando todos ainda querem fazer Beckett, e quando o movimento de Grotowski se tornou
um efeito mecânico sem alma, é essencial esse arejamento de cena e de texto. Salve e salve Daniela Pereira de Carvalho e Ivan Sugahara por escrever algo tão crítico e divertido.
O final, com uma música de Sandy e Junior, é hilário.
***
Macbeth, do grupo Amok foi recebido com entusiasmo pelos porto-alegrenses. Os textos clássicos são quase uma obrigação de se gostar no meio cult e Lady Macbeth é mesmo um dos personagens mais queridos, e mais atuais. Parece que será deputada.
O grupo usa um figurino deslumbrante, oriental, movimentos trabalhados, um som no palco que cria um ambiente mágico. Ainda assim o início da peça é lento.
Nosso ritmo hoje é outro e é um desafio nos clássicos manter a atenção do público. Numa era de compreensão imediata, Shakespeare precisa de um Dj.
Em alguns momentos não se entende bem o que os atores dizem, em especial o protagonista Stephane Brod, francês (vale ressaltar que sou português é bom, parece português).
Mas do meio para o fim- um pouco pela qualidade do texto de correr a ação após a coroação- a peça ganha ritmo e tudo chama atenção.
Então os elementos todos que o grupo traz- som, roupas, corpo- se unem e fazem um final dos mais interessantes.
Grande destaque para Ludmila Wischansky, a Lady. A direção poderia ter modernizado alguma coisa na sua atuação, que é a de um ator só em cena, mas a atriz tira disso o melhor.
A peça foi aplaudida de pé e é viva e interessante, mesmo eu achando que poderia ousar mais, principalmente na desnaturalização da ação e na velocidade.
Entretanto montar Macbeth de modo integral, colorido e sem nos deixar dormir é por si só um sucesso.

***
Esse Gota d´Água do grupo Breviário eletrizou o público de Porto Alegre. Apesar do erro técnico de não explicar que os lugares não seriam numerados, e de encher o teatro com mais pessoas do que as que poderiam ver bem.
Todo o elenco é protagonista e nos prende desde o início: a macumba ganha de cara a atenção do público.
O texto é o que é e os atores retiram dele toda a graça. Georgette Fadel é uma das maiores atrizes que já vi em cena. Sua Joana faz movimentos de umbanda e aparece como uma estátua da depressão na primeira cena. Suas últimas falas bombásticas com o fraco Jasão acabam sendo repetitivas, mas talvez seja um excesso do texto. Ficamos do lado dela, o tempo todo.
Algo incrível acontece quando os atores estão presentes. E, num mundo onde todos qureem agradar, alguém presente é cada dia mais raro.
***

Valsa n. 6 é o tipo de peça que todos querem ver. Uma clássico, uma ousadia dentro do teatro nacional.
Mas não basta hoje fazer algo correto. O corpo contemporâneo é dominado por movimentos de comprar, trabalhar, teclar e gozar. O palco exige algo novo.
O corpo no palco tem de se livrar da vontade de agradar. Tem a ver com ética, com abertura e generosidade para com o público e- se tiver- com o grupo. Porque a idéia mesma do ator é de se expor, expor sua fragilidade, e para isso vence suas resistências.
Infelizmente se faz hoje muito teatro para. Para fazer um clássico, para ser ator, para ser belo.
Marina Oliveira tem sensibilidade e, principalmente no final da peça, cresce.
Sentimos que ela ficou um pouco sem tempo, precisava de mais tempo para falar e para penar em cena sobre essa coisa esquisita que se chama Nelson.
O palco é outra vida do texto. Um texto que está em vida precisa de cores novas.
Valsa n. 6 agradou o público na sua estréia nacional. Mas esperamos mais.

***

quinta-feira, maio 10, 2007

Papa, palco e papa

"Vamos aclamar o Paaaaapa! Ele está descendo do papa-móvel!!!!"

Celebridade total.
Qualquer europeu ficaria envergohado de ver na sua TV essas pessoas dizendo "É um milagre! Viajei 300 mil quilômetros para ver esse santo!"

Fico um pouco assustado quando vejo essa histeria toda em 40 mil jovens no Pacaembu... Onde foi parar a "igualdade" cristã?

***

O Festival Palco Giratório ocorre aqui em POA logo antes do Porto Alegre em Cena. Para todo mundo que soube de outros estados e países isso é um ponto para a cidade, significa diversidade e aceitação do público. Mas vários grupos têm dito que "quem vai no Palco não consegue ir no POA em Cena..." Ou ainda: tenta-se uma inscriçaõ e não se consegue, nem por e-mail, nem por telefone...
Uma pena, quando o lado grosso do gaudério supera o bebedor de chimarrão em roda.

***

Por uma bênção do Bom Deus, está acabando a papa televisiva do Profeta: até a última cena dramalhão (agora com uma mãe morrendo do coração...)
O que levou a esse humor de caipira na lama (onde a coisa mais emgraçada era um cara falando Gizéli) temperado de "Deus nos deu um dom para fazer o bem" deve ser anos e anos de má educação pública e política comercial de jornal... Mas sempre tem a vida eterna...

quarta-feira, maio 09, 2007

“Agora o Papa desce as escadas! Agora o Papa entra no salão!”
10 minutos esperando subir no helicóptero...

Quando o comentarista Padre tenta explicar algo sobre o contexto, o jornalista- robot corta: "Agora o helicóptero decola!"

Segundo o comentariasta o Papa está desejando “estar mais junto das pessoas”. Bem, talvez por isso a Globo tenha escolhido esse tom bajulador, monocórdio, em que todo o Brasil se torna católico E praticante...

Nem de leve se pode pensar que a verdade é tentar estancar a sangria de fiéis, botar a Teologia da Libertação como fora da lei e a Globo odeie a evangélica concorrente...
De repente Ratzinger deixoude ser o conservador que assusta a todos nós, mais ou menos cristãos...

Seu discurso sobre a família só não foi mais tedioso porque contou com o apoio incondicional do presidente: o que significa? Que todos devemos voltar ao século XIX e viver uma vida toda juntos fazendo papai e mamãe para procriar?

domingo, maio 06, 2007

Desesperados padrões

Legal: vamos ter nossas próprias donas de casa desesperadas, em versão para o brasil da série americana de sucesso "Desparete Housewives".
Isso levante aquela velha questão: a Tv terá ainda menos espaço para criação inteligente?
Lebro-me de uns anos atrás um diretor comentar que tentou mudar um cenário de um sonho (que era ridículo na versão brasileira, pois, para começar, ninguém ia comprar pasta de amendoim na esquina) e quae foi processado.

Há anos vem o "perigo" de que as novelas (ruins, mas nossas) sejam substituídas sem volta pelas séries (ruins e deles). Claro, teoricamente o mercado está aí e ganham os mais aptos.
Mas se perde em diversidade...

Senão, dá uma olhada:

"Há, contudo, desvantagens na padronização. A filha da divorciada atrapalhada Susan, que no Brasil é Susana (Lucélia), vai à escola com saia de prega xadrez, malha com gola "V" sobre camisa branca, sapato de couro e meia curta, uniforme tipicamente argentino."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0605200706.htm

sábado, maio 05, 2007

CM desaparecida...

Eu li essa nota em um jornal local:

"Permanece o mistério quanto ao sumiço de CM, a colunista do site Z, um dos mais lidos na internet. Seu carro teria sido achado no dia 2, na cidade de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, mas a polícia não confirmou o caso. Um morador afirma ter visto um enorme adesivo da série House no vidro.

Carina havia desaparecido após transferir seu blog do Ig para o Uol. Os internautas, nervosos, levantaram a hipótese de que ela poderia estar sofrendo de depressão.

Boatos surgiram em diversos blogs sobre seu desaparecimento, inclusive um boato sobre seu envolvimento com o estilista Ralph Lauren. Outras fontes sugeriam que ela passara a ser investigada pela CIA, por ameaça a segurança nacional com ‘reflexões inapropriadas’, segundo um suposto relatório.”

Lembrei do boato que li na rede:

"Segundo se diz, os dois se conheceram em um evento promovido pela marca para os jornalistas brasileiros, no lançamento de seu novo perfume. Ralph Lauren estava trabalhando com a Disney para uma série de TV onde se ensinaria as pessoas a viverem felizes. Mas a mensagem subliminar seria bem outra. A série começaria com os personagens em férias em Miami dizendo: 'Então, cabe a nós acabarmos com os ditadores do mundo e possibilitar a todos entrar na Caverna do Dragão'.

A publicidade de lançamento, na TV, conteria a seguinte narração: 'você precisa de um cenário novo para sua vida: lojas. Você precisa saber usar essas coisas de cinema: colunistas. Crie sua vida como um desenho animado.' CM teria descoberto que o estilista tivera encontros secretos com elementos do governo americano."

Eu me lembrei de uma entrevista que vi da C no You Tube:

"Sabe, temos de nos defender contra a idiotice global. Será que todas as pessoas vão ficar iguais? os caras fizeram uma guerra de ficção, uma não, duas. A Union Oil da Califórnia está construindo um oleoduto ligando Turcomenistão ao Afeganistão.

No jornal The Guardian de 26 de dezembro de 2001, foram divulgados detalhes específicos de um plano de uma guerra contra o Talibã, que seria tirado da gaveta depois do 11 de setembro. O NYT de 26 de maio de 2007 diz que Clinton queria acabar com o Talibã para enfraquecer a influência iraniana na região".

Será que os caras pegaram ela?

quarta-feira, maio 02, 2007

Vamos matar Vinícius

Não sou um grande fã de Gal Costa, mas ela brilhou no especial Som Brasil Vinícius, uma pérola do bom mocismo que a Globo Apresentou em um horário de alta madrugada, depois de uma semana com divulgação maciça. depois de tanto anúncio, pensamos que podia abrir uma porta na programação de Ibope para algo de qualidade. Não mesmo.

Arriscar é coisa do passado. Fomos presenteados com Chico Pinheiro, um belo rapaz que deve ser apenas muito tímido, mas contou mornamente dois atos e, no terceiro, pareceu se comover, mas quase nada se ouviu. "Desafinado", se isso significou voz de sussurro amoroso, é pouco. Sua camisa punk-fina era o símbolo de tudo que foi esse show: um alternativo minguado.

Cris Delano e o grupo BossaCucaNova ou algo assim, apresentaram uma roupagem toda moderninha, que parecia pronta para empolgar, mas então ela soltou meia dúzia de "tik-tim-tá" e ponto. Parece que faltou mesmo aquecimento para todos, e só implacou também na terceira música, para dizer apenas "she doesn´t see" meia dúzia de vezes, com um Eddy Motta salvador da noite, sendo ele mesmo de novo, pelo menos original. Era “alternativo”, mas faz muito tempo.
A tal Tatiana Parra fez uma pequena apresentação, mas estava ótima. Algo aconteceu com essa nova geração, talvez seja Xuxa demais ou Mortal Kombat. Estão todos mortos.

Mas aí alguém lembrou que chamar a favela é sempre legal, e colocaram lá um grupo formado pelo bonito Terra Negra, o animado Pael da Rima e Criolo Doido, ou algo parecido. A roupagem rap funcionou bem quando cantaram Vinícius, só que de repente alguém puxava um "as pessoa não se falam/ e dizem que/ nem Cristo agradou/ todo mundo (mano!)/ saca só a rima/ você acha mesmo que é igual ao Salvador?" Bizzarro. (A graça da noite ficou com uma frase auto-irônica do Doido alguma coisa: "Só a arte pra me fazer vir aqui".)

Teve mais alguém? Ah, o filho do Baden Powell, ele também um belo e talentoso jovem. E foi isso.Ficamos com a voz sempre sempre Gal, só que com uma verdade que faltou no resto. Tristezinha verdadeira para dizer: "eu ameeei."

Por um lado, somos como que "educados" a gostar desse "gênio da nossa música", por outro a esterilizarão do "bom gosto" urbano nos dá a sensação de deja vú, de "de novo Vinícius?"
Até o cenário era dessa gélida modernice: raios que lembravam violão (raios!) e uma luz ambiente"lounge".
Muito chic, como os vestidinhos de estampa de vovó das gurias backing-vocal-almost-famous de Pinheiro.

Sem falar de uma Patrícia Pillar, claro, em panos coloridos, apresentando o non sense de "hoje temos Gal Costa" : "trizteeeeza não tem fiiiiinnnn", "rap" :"aí galera, o morro não tem vez!", "e Bossa NovaCuca": "pa-ra-ra-rááá!!!", "e como eu ia dizendo"....
Ficamos com a impressão de que nada de novo e autêntico se faz no Brasil, ou que não chega na TV, só o que é novo e (e fica) velho. Pelo contrário, um politicamente correto desagradável e comestível.

Algo como o "Novo Festival Brasileiro" de uns anos atrás que só tinha baião, rap e um cafona-MuitoProdutorBrasil. Festa estranha, com gente esquisita. Talvez seja a coisa paulista de ir sempre na mesma cidade e nos mesmos lugares, ou a nobreza carioca do "Tijuca music circus".

Lembrou um pouco o fato de não ter aparecido a morte de Elis no super super especial especial "Elis, a super rainha do rock", segundo o produtor porque "todo mundo já sabia dessa história desagradável", parecendo, entretanto, que estrela morrendo de overdose era "real" demais para os novos "deuses" e o público "médio". Será?

Respeito demais dá nisso.
A arte só vive de ressurreição, é sempre um “em potência”. O poetinha também é um gênio “em potência”. Infelizmente, Vinícius permaneceu bem morto.