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segunda-feira, agosto 18, 2025

No Letras in.verso e re.verso - Resenha de “Carga viva” – de Ana Rüsche.

 “Carga viva” e a vida que resiste

Sem perder a regra da narrativa, a mudança, esse texto é um animal desconhecido, e levanta boas questões, e vitais. 

https://www.blogletras.com/2025/08/carga-viva-e-vida-que-resiste.html

sexta-feira, agosto 15, 2025

Tradução "A rima do marinheiro ancião" de Samuel Taylor Coleridge

"The Rime of the Ancient Mariner" de Samuel Taylor Coleridge


Marinheiro de olhar louco

Ele, um dos três segura

Barba branca, olho em fogo

"Me solta, que loucura!


No Casamento sou recebido!

Sou parente, não molesta!

Convidados, banquete servido

Escuto a bela festa!"


Firme segura com mão feroz

"Era um navio, uma vez!"

"Solta, monstro do mar!"

A mão se abre com aquela voz


Mas os olhos incendeiam

Senta para ouvir a história

Como criança pequena

Vence o marinheiro, e fala:


"Aplaudido o navio parte, o porto suspira,

Descemos com o alegre sol

Deixamos a igreja, deixamos colina,

Descendo e passando o farol."


Afonso Lima 




quinta-feira, agosto 14, 2025

Veneno

Aquelas casas antigas do centro era onde o calor não fazia curva, o samba acontecia e a poesia rolava. 

O sambista tinha finalmente comprado um apartamento. Pesquisa de doutorado, selecionando palavras pra viver, a música. 

No andar de baixo, local fechado há décadas, a lenda dizia que houve um comércio. Briga de família, alguém rouba alguém.  

Um dia, ele percebeu uma estranha hera (a folha como carvão) subindo pelas paredes do térreo. Pensou que devia chamar alguém, e os dias passaram. 

Duas semanas depois, um braço daquela planta foi vista no balcão. Havia um show próximo, seguia.

Um dia, acorda sentindo um caminhar no pescoço. Dorme outra vez.

Ao fazer a barba, sente a ardência.

Precisa ir no postinho. Uma hora. Já na porta pra sair, percebe que a gata pisa em alguma coisa. 

Ao ver a aranha grande, muda de rota, acaba internado.

Dois dias depois, resolve observar o braço da hera escura. Arromba a porta do térreo ao pé da escada. 

A planta vem de um canto úmido. Cava.

Os ossos eram antigos.

A arqueóloga disse que era um cemitério de gente que morreu no sequestro colonial.

Versos sobre a terra. 

Na roda de samba, pede um minuto de silêncio por aquelas almas. 

Afonso Lima




sábado, agosto 09, 2025

As sombras do Recife

para Roberto Beltrão

Era um tempo no qual cortavam os pedaços dos indígenas para dar pro gado.

Em 1591 na Capitania de Pernambuco, o Tribunal do Santo Ofício queimou viva uma mulher judia - dela ficou intacta nas cinzas apenas uma perna. 

Ao morrer, ela lançou uma maldição sobre a cidade, a maldição criou um portal trazendo seres invisíveis de outra dimensão que passaram a aproveitar-se da escuridão para chutar pessoas até a morte (a maioria agonizava no chão se esvaindo lentamente, outros desapareciam na noite), enquanto recebiam sacrifícios da nobreza satanista. Nos anos 1970, humanos foram treinados para fazer o mesmo.

Essa foi a origem da lenda da macabra perna fantasma que ataca pessoas nas sombras do Recife, mas pode ter sido outra a história. 

Afonso Lima