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sábado, março 27, 2021

sexta-feira, março 26, 2021

Live: Machismo Estrutural


 

Três bombas

 A primeira bomba matou mais de 100 mil. 

Eles haviam criado um julgamento controlado, submetendo o líder do Movimento a tipos sutis de tortura. 

Os ossos radioativos foram enterrados numa vala comum sem direito a reconhecimento. 

 A segunda bomba matou pouco menos de 150 mil. 

Algo estava operando nas sombras. Ninguém sabia a origem das bombas. A eleição se aproximava. Usei meus poderes para evocar os espíritos que poderiam me dar Visão.

Era uma entidade poderosa a que controlava o processo. Usava uma horrenda máscara amarelada e um manto escuro. Eu vi como planejava espalhar uma infecção, a enfermidade ia deformando o corpo humano, era como um exército de porcos. 

Ninguém acreditava em minhas profecias. Eles elegeram o Rei Armado. Quem operava o país parecia ser a própria Morte. Resolvi sair da cidade. 

O terceiro impacto matou mais de 200 mil. 

*

Afonso Jr. 





domingo, março 21, 2021

terça-feira, março 16, 2021

Uma lua

Um exército e uma aurora caminham juntos. 

Os Cânticos 


- Se hoje fosse antes... - disse o juiz. 

O escrivão fez o que pode para me defender. 

- Vou contar uma parábola - disse o juiz. Era um planeta cuja atmosfera era verde e animais coloridos circulavam pela terra. 

- E? - eu perguntei. 

- Você nunca leu a Bíblia? - perguntou o juiz.

Eu tentava lembrar do que havia acontecido. Perguntei:

- O senhor sabe quem foi que me interrogou?

- O mesmo que interrogou o homem dos fornos.

- Os fornos que quebravam todo dia. Demorou a melhorar - disse o promotor. 

- Se pelo menos você pudesse ver o quadro maior - disse o juiz. 

- O homem que me interrogou sabia algo sobre meu passado? 

Parecia lembrar que eles me haviam levado até a máquina. O cheiro me fez desmaiar. 

O promotor olhou pela janela, como que pensando não ser fácil acusar o sistema.  

- Eu era um escritor! 

 - Culpado!

- Mas por quê? - perguntei.

- Hoje é quarta-feira. 

E já chegara o azul do crepúsculo.

O promotor me disse baixinho enquanto eu saía algemado:

- Logo vem a lua nova. 

*

Afonso Jr. Lima