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quarta-feira, novembro 29, 2017

A republica bíblica

Prostitutas desapareciam pela cidade. Momai recebe um envelope com um mapa.
Os nomes de políticos ao lado de lugares dos assassinatos. Toma café com o jornalista.
- Eles podem ter tido relações com essas mulheres? - pergunta.
- Sim, e espero que você lembre da corrupção. Nos últimos anos, nos jornais, vários políticos sendo presos. Presos antes do julgamento.
Momai lembrou dos acordos de parceria internacional. Foi logo depois da crise, a prosperidade da globalização parecia ficção.
O jornalista começou a investigar a vida do promotor. Hackers atacavam páginas de jornalistas. Sites espalhavam pelo país críticas aos intelectuais, aos artistas, aos direitos humanos. Juízes julgavam de forma muito pessoal.
Enviou uma foto dele em um iate junto com pastores milionários da TV.
Momai descobriu que o promotor participava de um grupo de estudos sobre a Bíblia nas quartas à noite. Lá, soube que, no Congresso, havia um projeto de lei para voltarem os estudos bíblicos na escola. O promotor refere-se a sua sobrinha desaparecida. Momai investiga a família e descobre que a moça foi sequestrada e morta há vinte anos.
Momai troca de identidade. Foi contratado como jardineiro na casa do pastor. Dois meses andando por ali, observando, ouvindo. Viu o promotor descer uma escada um tanto escondida. Ele mergulhou nos arquivos secretos no porão.
Houve um momento em que uma divisão surgiu. A facção política foi criticada. A sobrinha duvidou sobre a presença das forças satânicas no mundo. A republica bíblica precisava de uma só voz.
- É uma questão de fé. A esquerda é anticristã e os comunistas são contra o símbolo do eleito, o dinheiro - diz o jornalista por celular. Alguém pensa que deve punir "os esquerdistas" e as mulheres que eles tiveram. Eu estou deixando o país. Um amigo me avisou de que a polícia esteve lhe procurando.
- Talvez ele tenha matado a divergência - diz Momai.

Afonso Junior Ferreira de Lima

terça-feira, novembro 28, 2017

No quintal

Na mesa, discutia-se a justiça.
A família era de procuradores, advogados famosos, juízes, professores.
O almoço no quintal ao domingo era sempre um debate.
- Voltaram com festa - diz o pai. Mas nos registros, sua perna machucada não constava. Nada receberia.
- Que triste - o estudante de Direito filho responde.
Comiam linguiça aos pedaços.
- A pobreza do herói. Arrasta sua perna para o trabalho.
- Eu acho que, tecnicamente, estavam certos - disse a filha procuradora, ajustando os óculos de aro negro e balançando os cabelos em cachos perfeitos.
- Mas nós somos apenas técnica?, pergunta o filho advogado brilhante.
Um pássaro parece responder com um grito.
- A lei era racista -  a mãe juíza fala. Sua pátria os desprezava. Eles dançavam com mulheres brancas. Os soldados os atacaram com socos. Uma prostituta gritou: - Aqui não é Chicago.
Cheiro da carne no ar.
O pai conta que eles haviam sido trazidos para enterrar os mortos.
No exército francês foram aceitos como soldados.
O fogo inimigo. A condecoração.
- Ele morreu na miséria, diz o pai. Se a realidade é a nossa percepção, a casta não pode nos cegar? - pergunta o pai.
- Que triste - diz o estudante filho.
A empregada serve mais vinho e avisa que o churrasco está pronto.

Afonso Junior Ferreira de Lima



terça-feira, novembro 21, 2017

O leitor

Nunca saiu da minha mente essa imagem: o homem no seu terraço em frente ao rio, no qual passa um lento barco com sua luz amarela, o homem lê seu "Dom Quixote" buscando a solução para algum problema.

O passado somente não cria (nem o novo sem origem). Quando os amigos criticam seu romance de época, depois de dias de leitura incansável, dizem que deveria escrever mais como a "reprodução exata da vida", sobre um suicídio comentado, história de dívida e romance adúltero. "Olha, por que não escreve sobre o caso de madame Delaunay?"

Problemas da representação. O leito azulado e a noite sem lua. O que ele observa é todas aquelas histórias que já não refletem senão um hábito. O mundo da representação é loucura da leitura.

O velho leitor que lê mal e alucina como herói, com torneios, lanças, castelos, aventuras. Todo senso comum como ciência. O idealismo como império. A realidade como prisão da ficção. Os livros que não formam entendimento. A fome humana por transcendência que se torna má coleção.

Ler para conhecer, como pesquisa, sede de aventura. Ler porque se duvida. Ler por instinto. 

A angústia, a invasão: "Sinto ver as coisas falsas". Ele pensa sobre a clareza poética, a irrupção instantânea da memória, a alucinação tão necessária. "Eu sou Emma", porque tudo é fantasia e ironia, indústria e belas-artes na servidão, funeral da civilização.

Alguém fala, outro copia. Ser escritor, entre o colecionador e o cientista. Ele seria capaz de ler 1.500 livros para preparar um romance. Parece que ele grita as assonâncias e repetições no jardim, quer saber se a prosa tem poesia. 

A tradição era repetir as mesmas perguntas. Os falsos sábios pareciam não ter respostas para a crise, mas tinham púlpitos, narravam conceitos, velhos mestres, opressão da reprodução, duplo fantasmagórico, demoníaco, repetir.

O homem no seu terraço, o livro sobre livros. O professor, o juiz, o dono de comércio que são "bons" e não precisam duvidar de si mesmos. Podem esconder tudo que perturba numa crítica autoritária aos rebeldes. Sempre em movimento, sempre acumulando, não querem opiniões estranhas, apresentam isso como a defesa da moral.

O abandono do ascetismo levou ao materialismo vulgar e o próprio julgamento do livro é uma tentativa de nunca mudar a visão romanesca de si mesmo, de que se "pisa o pó de heróis", de que grandes homens e ideais humanitários se ocultam na aparência de filisteus preocupados com seus negócios.

A abstrata aventura das vidas agitadas e dos prazeres violentos (o que foi roubado como decoração) são o reflexo opaco de um acúmulo mesquinho de luxos dos sentidos. O mar, montanhas, música, todo o supostamente poético, paisagens que nos levam a rezar e campos com donzelas e adultérios, tudo evita que vejamos quem somos e o que realmente é desconhecido. 

E quanta dificuldade para expressar e lidar com sentimentos. E quanta opressão dentro das instituições, "crianças institucionalizadas", tristes, sozinhas juntas. 

Ler errado o mundo. Mesmo o advogado parece ter lido errado: “o livro mostra a autoridade imprudente de um pai que decidiu mandar educar em um convento uma garota nascida na fazenda e que deveria casar-se com um fazendeiro ou um camponês”. 

Ele lê o "Dom Quixote". Escreve: "Na alucinação pura e simples podemos perfeitamente ver uma imagem falsa com um olho, e os objetos verdadeiros com o outro. Aliás, é justamente esse o suplício”.

Afonso Junior Ferreira de Lima

segunda-feira, novembro 20, 2017

O primeiro

A história foi removida. Ela está atrás de uma neblina espeça. Busco imagens.

- Mais de 300 já foram presos, você será preso.
Não se podia distribuir panfletos. Jogavam nas fábricas, polícia não podia ver.

A fábrica entrega seus funcionários para o regime. Espancados. Um homem recebe inseticida nas veias. O Nelson. O salário veio menor. Sobe na mesa e discursa. O chefe coloca o revolver na cintura. Na rua, é despedido. Aponta o revólver. Dois tiros.
Já eram várias mortes.

Greve geral.

O padre chega na delegacia.
- Não morreu.
- Nós vimos.

A fábrica e o protesto pelos salários. A polícia chega. Tiro nas costas.
O primeiro corpo.

O delegado volta. Sim, estava morto.

Trabalhava 10 horas por dia, sai de casa às 4 da madrugada, já levavam roupa, caso fossem presos.
A esposa vai trabalhar. Chovia muito.

- Seu marido foi ferido, vamos para o hospital.

O padre pede para orar - evita que desapareçam com o corpo.
Policiais dizem que ele era um mau elemento, tinha que ser eliminado, era vagabundo.
Querem levar para IML, caixão de ferro, a mulher entra junto no carro da polícia.
- Desapareçam com isso!
- Não vão sumir com ele!

Cano curto para o trabalho. Acusa a vítima. Ele iria depor naquela semana sobre a morte de Nelson.

A fábrica foi demolida. Uma placa na calçada. O síndico do condomínio removeu.

A realidade como sonho. O passado como pesquisa.

Afonso Junior Ferreira de Lima

Para sempre

O homem alto e forte está sentado no banco. As lojas têm músicas animadas. O mar é um vento salgado e um ruído longínquo. O jovem ouve "I will survive" no walman e carrega um livro, Jung. Seu rápido olhar avalia sentar no banco - camisa xadrez, bermuda, palmeiras selvagens, um monte - e abrir o livro e diz talvez devesse deitar em seu colo e dormir. O homem tem grandes olho verdes, queixo quadrado e levemente esverdeado. Dentro da loja esportiva, um outro rapaz conversa com a dona.
*
Pelo telefone combinam. O outro diz estar excitado. Foi o primeiro dinheiro que ganhou.

*
Ônibus pela noite, por que foi esquecer a água? Vê os fios escorrendo pela janela. Quer pega com a língua.

*
A salada magnífica, beijos, no mar, o passeio delicioso. Você parece assustado, ele diz.

*
Ele comprou ovelhas. Ele não sabia nada de ovelhas. Nunca poderia matá-las. Ele mudou de país.

*
Eu tinha uma enorme auto-suficiência. A natureza era algo sagrado. Nunca imaginei pedir permissão a ninguém. Por sorte, havia filmes, havia revistas, havia Platão. Mas podia saber que não era normal, não era recomendável, não era possível para muitos. O colega alto e rico que zombava; o colega gordo e arrogante que falava entre os dentes. As autoridades de um colégio católico. Havia um vasto campo cheio de ideias antigas e perigosas. Eu sabia que meu pai achava isso apenas coisa de mulher.

*
As amigas riem. Elas lhe devem dinheiro. Não sabem como pagar. Ele, no fundo, está bravo.

*
Caminham nas dunas. Parece agora que não é um hipogrifo. Jantam na casa de amigos. Os homens lhe olham com um olhar que nunca havia percebido.

*
Uma piada na TV sobre amor e ele ri. O outro vê que está secretamente planejando muito.

*
Não seria para sempre. Ele diz que não podem mais ficar juntos. Está sozinho. O cão percebe que seu mundo ruiu e coloca a cabeça no seu colo. Ele sai para caminhar. Liga para casa. A avó atende. Tenta não chorar. Caminha em direção ao ônibus. Liga do terminal. Mas e suas coisas? Fique com elas.

Afonso Jr. Lima

domingo, novembro 19, 2017

a criação do mundo

nada criação
anoto o que passa
os seres no palco escuro
novos modos de ser das flores
deixo as palavras construírem seu mundo
eu pós-produzo, eu coloco sobre a mesa
o que me contaram, o que não me contaram
eu sento na casa de chá e observo o jardim
águas agora no mar comum da língua
o amar a areia e folhas e a casa assim erguida
eu não sou uma boa pessoa viajante no barco
apenas recolho e apresento
do livro antigo e do tempo de luta
rosto que sofre e rosto que repensa
uso vozes e invento máscaras
chegando a Jiao Jiao, a mesa com gigantes e anões
as ruínas arrastadas, mas também os sorrisos
os seres imortais que cantam Sol e Lua
vejo as ilhas nas costas das gigantescas tartarugas
eu sei do outro eu, ambição, espalha-se como fogo
no reino da névoa, vigias por todos os lados
escalo a Via Láctea
produzo máquinas de dúvida novidade
eu sei da sombra, animal recolhido
aos poucos acordo e entendo
ver no mundo da ilusão
eu absorvo o que me contam os fantasmas
faço gestos loucos
a música em que tudo vibra
andaimes aqui, ilusão amiga
terra aberta, semente úmida, madeira e pedra
sei da verdade frágil, da mentira fixa
o povo de Jiao Jiao, ouvindo gigantes e anões
são sons para Sol e Lua
as gigantescas tartarugas alimentam-se de ar
não sou tão imaturo a ponto de ser alguém
romper o silêncio, dar nomes ao ilimitado
sei que o mundo aplaudirá o que já morreu
nada permanece, parar o tempo
o tempo de um novo som nunca será o agora
a luz na escuridão, a noite do dia
deixo que cada ser apresente seu testemunho
apenas recolho e ofereço
eu sigo em frente

Afonso Jr. ferreira de Lima





sábado, novembro 18, 2017

A fuga

Na véspera da fuga, tendo comprado o guia as renas e as peles pra enfrentar a neve, ele começou a parar de fingir-se de doente e procurou o chefe da guarda pra avisar que poderia seguir viagem para o norte. 

O funcionário o convidou para uma peça de Tchékhov. A civilização ainda existia, afinal. 
A peça tinha tido uma estréia pouco favorável e sido responsável pelos sete anos que o autor ficou sem escrever para o teatro.

Oito anos depois, ele a remodelou, tirou metade dos personagens e mudou o final de suicídio para homicídio fracassado. 

Também trocou seu nome de "O Demônio da Madeira" para "Tio Vânia". 
Partiu de noite, e a jornada através de nevascas, sem comida, sem água e sem dormir, esgotou as renas, que morriam. 

O fugitivo, quando parava em cabanas de nativos, pensava por que motivo Tchékhov tinha partido para a Sibéria em 1890, comendo apenas pão, alho selvagem e chá ruim. Foi logo depois do fracasso da peça, contara o funcionário. A maior colônia de trabalhos forçados da Rússia. 

O mundo de Tchékhov já tinha morrido, mas insistia em seguir vivendo, e agora, no julgamento, ficara provado que os terroristas do grupo Cem Negros haviam sido organizados pela polícia política do czar. Pós-vida como terror.

Ele lera, deitado em sua cama, na prisão, todos os clássicos europeus, recebia todos os livros novos, o romance francês moderno. Sua cela era chamada de cela-biblioteca. 
"Por favor, mergulhe no lago, mesmo que seja para se afogar. Consiga para si mesma alguma experiência vital". 

O médico havia escrito tudo aquilo num país em que as cidades nasceram apenas como fortalezas militares e só 13% da população era urbana. Seu avó vivera escravizado. 
"Mergulhe no lago". 
Ao seu redor, os bosques iam se aproximando, os lobos deixavam suas pegadas na neve, os aldeões comiam o peixe vivo em suas mãos. Finalmente chegaram no ponto extremo da estrada de ferro. Os outros condenados chegavam ao círculo polar. 

Afonso Junior Ferreira de Lima

quarta-feira, novembro 15, 2017

como nós

Eles não são como nós
O que ficou também não é igual
o café na xícara
a panela na cozinha
os livros marcados pela metade
que a estrada não comporta

Nós não somos como eles
o que levam também não é igual
medo e a noite de uma criança
muro ou edifício do primeiro beijo
esperança ou céu e orações

mortes em pedra que ficaram sem visita
o sangue que nunca será lavado
o que não cruza as pontes e o silêncio conta

Na estrada, fugindo
na memória, que escoa
no tempo de incertezas
somente os pés na terra
como nós

Afonso Junior Ferreira de Lima



sábado, novembro 11, 2017

ataque: frágil

a agressividade do café da manhã
tão frágil e arrancada cedo
o ataque rápido e o sangue lavado do chão
batem à porta
são os carrascos armados de palavras-bomba
corpo alvejado enquanto florescia
pé atado na árvore, vento contaminado
o nosso novo país nunca deixou
a planta riscada no plano
meu tempo não é de utopias
é de enterro de ossos
as pessoas lembram seus sonhos ressecados
esperanças e verde não nascido

pássaro como metal cego no alvo
viagem como esquecimento para ilimitado mesmo
neve em cada broto que ameaça a dor perene
meu povo já conheceu o sangue
a fome que desfigura toda noite em desespero
os prédios já ruíram em bombas bem calculadas
o vácuo das indizíveis angústias
o sorriso se tornou fileira de facas prontas para o massacre
soneto de lágrimas
gaivotas sem mar
rua cinzenta, passos medrosos
barcos que duvidam do céu
meu tempo não é de raiva ou risco
é cálculo de ossos

Afonso Junior Ferreira de Lima

domingo, novembro 05, 2017

A cooperação

Vejo uma foto. Eles regressam de Weimar. De farda, à esquerda, o general encarregado da censura. De chapéu, o escritor mais furiosamente colaboracionista. O editor do jornal pró-nazista, depois fuzilado, está ao seu lado. O diretor do Instituto que financiava escritores na direita. Ao mesmo tempo, mais de um milhão de soldados eram mantidos prisioneiros na Alemanha.
Ele escreveu que o homem trabalhador e o o pequeno negociante foram mais ajudados por Hitler que por Stalin.
O editor não só publicou seus panfletos, como também estava trazendo literatura racista para a França. As editoras de propriedade de judeus foram logo arianizadas. Galerias de arte, apartamentos, obras de arte também foram roubadas.
A nova lista de livros proibidos tinha 142 títulos. Seus manifestos racistas venderam 40 mil exemplares.
"Se não é uma piada, ele está louco", disse um escritor amigo.
Sua amiga, a atriz Arlette, insistia que aceitasse subsídios do Instituto Alemão. Seu amante, oficial da Luftwaffe dizia não compreender sua recusa, se ele era o mais inovador literato do país.
Sua ferocidade era até mesmo criticada pelo nazista responsável pelo Escritório de Literatura.

Ele diz estar sendo ameaçado pela resistência, pede porte de arma ao governo, é atendido.
Havia mandado moedas de ouro para fora do país, mas elas foram confiscadas pelas autoridades.
"Vocês não percebem quem são seus amigos? Os judeus nos devoram, eles querem tudo, e vocês me roubam"? No momento em que crianças judias eram enviadas aos campos.
Na homenagem ao escultor favorito de Hitler no Museu Rodin, tirou fotos com os oficiais nazistas.
- Gostei de sua resposta à questão "os judeus devem ser exterminados"? - disse Arlette -"Não bastam os meus 3 livros"?
- A prova de que o judeu é um mal reconhecido universalmente é que o senhor já os odiava antes da chegada do Reich, disse um oficial.
- Meu pai odiava judeus. Dreyfus é o símbolo de nossa desgraça - disse o escritor.
Num jantar com o alto escalão alemão, faz comentários críticos à Hitler. Sua amiga, a pianista Lucienne, nazista convicta, consegue contornar o mal-estar geral.
Mas os ventos mudam. Os aliados dos nazistas deixam o país.
Sua amiga pianista foi para a Alemanha tocar para os exilados.
Escreve-lhe:
"Desejo partir o quanto antes, antes que Paris seja bombardeada".
Ela o recebe uma semana depois, e partem juntos para a Dinamarca, onde vive por nove anos.
Seus livros estavam no topo da lista de obras proibidas.
Enquanto isso, escritores colaboracionistas foram encarcerados.
Faltava comida e aquecimento. Os artistas não fugiam mais do fascismo, poucos fugiram do macartismo, os negociantes de arte estavam se mudando.
Seu novo livro é publicado em 1951.

Afonso Jr. Lima