a agressividade do café da manhã
tão frágil e arrancada cedo
o ataque rápido e o sangue lavado do chão
batem à porta
são os carrascos armados de palavras-bomba
corpo alvejado enquanto florescia
pé atado na árvore, vento contaminado
o nosso novo país nunca deixou
a planta riscada no plano
meu tempo não é de utopias
é de enterro de ossos
as pessoas lembram seus sonhos ressecados
esperanças e verde não nascido
pássaro como metal cego no alvo
viagem como esquecimento para ilimitado mesmo
neve em cada broto que ameaça a dor perene
meu povo já conheceu o sangue
a fome que desfigura toda noite em desespero
os prédios já ruíram em bombas bem calculadas
o vácuo das indizíveis angústias
o sorriso se tornou fileira de facas prontas para o massacre
soneto de lágrimas
gaivotas sem mar
rua cinzenta, passos medrosos
barcos que duvidam do céu
meu tempo não é de raiva ou risco
é cálculo de ossos
Afonso Junior Ferreira de Lima
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