A história foi removida. Ela está atrás de uma neblina espeça. Busco imagens.
- Mais de 300 já foram presos, você será preso.
Não se podia distribuir panfletos. Jogavam nas fábricas, polícia não podia ver.
A fábrica entrega seus funcionários para o regime. Espancados. Um homem recebe inseticida nas veias. O Nelson. O salário veio menor. Sobe na mesa e discursa. O chefe coloca o revolver na cintura. Na rua, é despedido. Aponta o revólver. Dois tiros.
Já eram várias mortes.
Greve geral.
O padre chega na delegacia.
- Não morreu.
- Nós vimos.
A fábrica e o protesto pelos salários. A polícia chega. Tiro nas costas.
O primeiro corpo.
O delegado volta. Sim, estava morto.
Trabalhava 10 horas por dia, sai de casa às 4 da madrugada, já levavam roupa, caso fossem presos.
A esposa vai trabalhar. Chovia muito.
- Seu marido foi ferido, vamos para o hospital.
O padre pede para orar - evita que desapareçam com o corpo.
Policiais dizem que ele era um mau elemento, tinha que ser eliminado, era vagabundo.
Querem levar para IML, caixão de ferro, a mulher entra junto no carro da polícia.
- Desapareçam com isso!
- Não vão sumir com ele!
Cano curto para o trabalho. Acusa a vítima. Ele iria depor naquela semana sobre a morte de Nelson.
A fábrica foi demolida. Uma placa na calçada. O síndico do condomínio removeu.
A realidade como sonho. O passado como pesquisa.
Afonso Junior Ferreira de Lima
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