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quinta-feira, novembro 28, 2024

Chapeuzinho na noite escura

Vovozinha ia pelo caminho da floresta e foi ameaçada pelo Lobo. Nasceu Chapeuzinho, e seu nome passou a ser avó. Um dia, o Lobo comeu Chapeuzinho e vomitou suas partes. Vovó costurou tudo e, ela seguiu ajudando na casa. Vovó não queria aulas para ela. O Lobo foi no Congresso e conseguiu uma lei para permitir vender os filhos que produzisse. Vovó foi parar num baú, e Chapeuzinho teve de vestir branco.

AJR 

domingo, novembro 24, 2024

Filme - Nunca Mais

O que sabemos sobre a ditadura civil-militar de 1964 a 1985? A peça usa uma linguagem contemporânea para expor histórias, informações e reflexões sobre o período.



 

sexta-feira, novembro 22, 2024

sábado, novembro 16, 2024

Aquele rosto

Chovia. Estávamos exaustos, com nossas lanças e revólveres. Mesmo assim, corríamos na mata atrás dele.

Ele parecia ter entrado em uma caverna.

O passado rugia com ecos assustadores, hesitamos um pouco, alguém tinha uma lanterna. 

As paredes da caverna eram como uma pele muito antiga, que coisas haveria nesse lugar fora do tempo?

O passado seguia com seus estranhos gritos, nós nos sentíamos perdidos, mas avançávamos, perdidos também com os odores que não sabíamos de fato esclarecer. 

Aquele ambiente nos esmagava, nossas certezas viravam pó e eram levadas no vento. 

Por fim, ficamos frente a frente com uma sombra gigantesca, e dois dos nossos homens petrificaram-se como estátuas. 

Atiramos contra o monstro, ele avançou contra nós, corremos, nossos gritos ecoaram por todos os cantos desse oco no tempo.

Finalmente saíamos da caverna, transtornados, exaustos, correndo ainda, tínhamos perdido companheiros.

O passado permaneceu em nossas mentes, foram meses no sanatório para que nossa linguagem fizesse sentido. 

Nunca esquecerei o rosto do passado.

Afonso Lima

sábado, novembro 09, 2024

Live: O Sacro Império Romano-Germânico


 

Traduzindo - Shakespeare - Soneto 29

Quando, em desgraça com a fortuna e aos olhos amigos, 

Meu caminho eu choro de homem sozinho,

E perturbo o surdo céu com meus inúteis gritos, 

E olho para mim mesmo e amaldiçoo meu destino, 

Desejando ser mais rico em esperança 

Talhado como ele, como ele cercado de gente 

Desejando deste a arte, daquele a bonança

Com o que mais aprecio menos contente; 

No entanto, nesses pensamentos, quase submergindo, 

Talvez eu pense em ti, no sorriso que me deste 

(Como a cotovia ao amanhecer surgindo 

Da terra sombria) que canta hinos no portão celeste; 

    Quanta riqueza tenho, teu doce amor lembrado

    Com reis a troca desdenho de estado


*

When, in disgrace with fortune and men’s eyes, 

I all alone beweep my outcast state,

And trouble deaf heaven with my bootless cries, 

And look upon myself and curse my fate, 

Wishing me like to one more rich in hope, 

Featured like him, like him with friends possessed, 

Desiring this man’s art and that man’s scope, 

With what I most enjoy contented least; 

Yet in these thoughts myself almost despising, 

Haply I think on thee, and then my state, 

(Like to the lark at break of day arising 

From sullen earth) sings hymns at heaven’s gate; 

       For thy sweet love remembered such wealth brings 

       That then I scorn to change my state with kings.

(Sonetos, 1609)