Chovia. Estávamos exaustos, com nossas lanças e revólveres. Mesmo assim, corríamos na mata atrás dele.
Ele parecia ter entrado em uma caverna.
O passado rugia com ecos assustadores, hesitamos um pouco, alguém tinha uma lanterna.
As paredes da caverna eram como uma pele muito antiga, que coisas haveria nesse lugar fora do tempo?
O passado seguia com seus estranhos gritos, nós nos sentíamos perdidos, mas avançávamos, perdidos também com os odores que não sabíamos de fato esclarecer.
Aquele ambiente nos esmagava, nossas certezas viravam pó e eram levadas no vento.
Por fim, ficamos frente a frente com uma sombra gigantesca, e dois dos nossos homens petrificaram-se como estátuas.
Atiramos contra o monstro, ele avançou contra nós, corremos, nossos gritos ecoaram por todos os cantos desse oco no tempo.
Finalmente saíamos da caverna, transtornados, exaustos, correndo ainda, tínhamos perdido companheiros.
O passado permaneceu em nossas mentes, foram meses no sanatório para que nossa linguagem fizesse sentido.
Nunca esquecerei o rosto do passado.
Afonso Lima
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