Os olhos fecham por um instante
sobre o papel
nuvens sonhadas no céu aberto
abre-se da noite o livro
a máquina do crepúsculo corre sirenes
o corpo duro ao lado do sepulcro
frio de outro corpo, e a
multidão que grita
cachorros calculam notas perdidas
o forasteiro toca a pele desconhecida
a seção silenciosa perdeu o chão
papéis voam, lei e
sentença como o mais cruel
inimigo, tudo em ruínas, desaba
escuro tempo longo
até quando?
som e sentido de um bebê que chora
fingir não ver o design da
liberdade
demoníaca
a chuva fria da nova
aurora
na rua
sentado na rua comendo lixo
pela avenida cruzando alucinado
a raça de Caim caída sem fábrica
rosto sujo de carvão e na roupa mercúrio
nem ganhar o pão de cada dia
O edifício extenso
muitas construções baixas se estreitam
invadido pelo mar e destruído
São nuvens vermelhas que o arrastam
O rio regenera comendo cadáveres
Os olhos despertam para outro
sonho o livro da noite
sonhando ontem e amanhã
Afonso Lima
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