A mulher observa seus dois filhos
E pensa em como protegê-los
Se ela tiver uma casa um caderno poderá ficar na mesa
E o corpo com seus medos domará seu grito animal
Não ter casa é não ter espaço para acolher
Quem não tem casa não prepara o café
para receber os seus
para quem não tem casa o caminho não é um meio
As brigas de família não podem cicatrizar
O pensamento não pode sonhar
O grão fica congelado
Não há teto para estabelecer
a paciência, o método, a costura certa do dia-a-dia
Aquele que pede rapidamente perde sua história
Atrapalha o dia de domingo com seu estômago inquieto
Aquele que sofre rapidamente é condenado
Melhor desaparecer em silêncio devorado pelos números
A terra nos ossos, as folhas acumuladas, insetos e fome
A noite como vasto perigo
O mar dos afetos no cinza de brasa abafada
Neve sobre casas de madeira não há
Mas a solidão da palavra nunca dita.
Afonso Junior Ferreira de Lima
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