Guardiões da Raça

- Eu sei como eles fizeram isso, disse um rapaz loiro ao chegar à delegacia.
Uma mulher judia e seu filho foram as vítimas. O corte de custos para as investigações havia fomentado esses terroristas domésticos.
Segundo o jovem, houve uma espécie de cerimônia macabra.

*

As tumbas eram iluminadas por tochas. Todos beberam o vinho com ervas, os jovens cantaram.

Thytes havia sido convocado pelos Guardiões da Raça.
O jovem loiro fazia perguntas ao líder. Haviam acusado outras crenças de sacrifícios humanos e bruxaria, mas estavam lidando com forças ocultas.
- Somos também como lobos famintos - disse o líder.

- Vapor negro do coração, Espírito da Escuridão, Serpente Maligna, frio como a água subterrânea; feroz como um fantasma vingativo; ilimitado como a névoa da noite - despertai!

Thytes está evocando os mais poderosos demônios-cadáver - disse o líder.
- Os mortos abandonados acabam atormentados e podemos usar a poluição de suas maldições para fins mágicos. Eles tornaram-se almas inquietas por não terem recebido os ritos corretos.

Os ajudantes trouxeram dois cadáveres. O mensageiro derramou sangue sobre eles, fez suas evocações.
- Mas contra quem lançaremos maldição?, pergunta o rapaz.
- Não se trata de contra quem, mas de dentro de quem. Vamos despertar esse pesadelo na alma de cada jovem dessa cidade.

Afonso Junior Ferreira de Lima