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terça-feira, abril 25, 2023

40 anos de "UFE e a Nova Democracia"

Os jornalistas investigativos seguem essa estrela como seu modelo: Eduardo Menardo.

O editor K Lunes conta que foram sete anos de pesquisas no continente europeu. 

Assim, descrições minuciosas e ironias, imagens surreais e entrevistas, tudo forma um caleidoscópio que retrata o fascismo e o retorno à democracia. 

Menardo investigou como a União Fascista Europeia usou a ameaça climática para propor extinção de raças não-brancas. Quando uma indústria transnacional usou uma modelo transexual, grupos extremistas começaram uma campanha de ameaça a lideranças feministas e LGBTI, desencadeando uma onda de raiva fanática. O líder de um grupo neofascista anunciou que era já tempo de escolher, "procriar ou entregar o que restar aos negros". 

Vale a pena notar que cronistas como Lian Mo e Yurates Balin são citados constantemente, mas a interpretação faz com que suas palavras provem seu oposto. 

Uma reunião entre os "senhores e senhoras da raça pura" mostra revistas de moda, polícia, banqueiros, juízes, todos planejando a forma da propaganda e da perseguição. 

Depois de acabar com os bairros populares, cortar subsídios de qualquer tipo, propor ilhas de "raças degeneradas" e iniciar expansão nos países do sul, os vizinhos começaram a combater os governos racistas. 

Surge então, como se sabe, a resistência, que acaba por prender os comandantes, anistiar muitos e criar uma nova constituição europeia. A Nova Democracia proibiu relações entre homens e mulheres, que ameaçavam a sobrevivência da espécie. 

Menardo falou com os criadores da teoria de que qualquer nova procriação era uma forma de acelerar a extinção, e retratou os debates no Congresso europeu. A Nova Democracia provava que os gastos com pílulas e remédios abortivos apenas amenizavam o verdadeiro problema. 

Como o editor comenta: "Nossos intelectuais enriqueceram a cultura mostrando como os corpos deveriam servir ao espírito". Dez anos depois da promulgação da lei, foram permitidos clubes de relações heterossexuais para pessoas esterilizadas. 

40 anos se passaram, e sua escrita se tornou onipresente, símbolo de consciência política e instrumento de luta. Menardo nos apresenta um texto de infinita criatividade e clareza, mostrando a ambiguidade dos poderosos, o poder político no jogo do dia-a-dia. Em uma palestra na Universidade Nacional, disse: "Sigo Flaubert, copiar como em outros tempos".

Afonso Jr Lima





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