Árabes culpam Ocidente por avanço de extremistas
Paulo Cabral, Cairo, BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060224_islamismoocidenters.shtml
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Muitos analistas e políticos no Oriente Médio dizem que os Estados Unidos, e também potências européias, são os grandes responsáveis pelo crescimento dos movimentos islâmicos na região.
A lógica desses críticos é que os americanos primeiro incentivaram governos ditatoriais seculares, que por sua vez sufocaram a oposição. Agora que os americanos começam a forçar essas mesmas nações a promover uma abertura política, o único movimento que sobreviveu com força para reagir foi o religioso.
"No Iraque, os americanos erraram muito ao fazer alianças com líderes tribais e com grupos religiosos e limitar a ação dos seculares. Pareceu a coisa mais fácil a fazer na hora, mas os problemas que isso criou são enormes e difíceis de ser revertidos", crítica o editor do jornal iraquiano Al-Sabah Al-Jadid, Ismail Zaier, que apoiou a derrubada de Saddam Hussein, mas diz que os Estados Unidos estão fazendo tudo errado no país.
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Mas, na oposição árabe, a palavra de ordem ainda é criticar os Estados Unidos.
"As populações do Oriente Médio é que estão se revoltando contra essa situação que lhes foi imposta por tantas décadas. E, como todas as outras opções foram destruídas nesse tempo, eles acabam se voltando para os religiosos", diz o presidente do partido marxista egípcio Tagamoa, Rifat Al-Said.
"Há 20 anos eu trabalho por democracia no Egito e não aceito agora que o sr. George W. Bush venha dizer que os Estados Unidos é que estão conseguindo fazer com que as coisas mudem", reclama o esquerdista.
Al-Said diz que os americanos continuam trabalhando apenas em interesse próprio e sem levar em consideração problemas futuros que possam ser criados pelas atuais políticas.
"Na Turquia, os americanos estão apoiando um governo islâmico porque é esse o grupo que interessa a eles que esteja no poder, acusa, numa referência ao partido governista turco Justiça e Liberdade, que se auto-classifica "secular conservador", mas que a maioria dos analistas coloca no campo "islâmico moderado".
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