As pessoas têm me comentado sobre o conto "Um porto-alegrense" (que aliás poderia ser "um francês" ou um "sul africano" ou "um brasiliense" -botando fogo no índio- )
Infelizmente, baseado em dados reais...
(graças a Deus, há nessa cidade um baita ambiente cultural, muitas pessoas de todas as classes adoram ler, e há muito trabalho social, claro!)
A origem do conto está ligada a dois fatos que ocorreram comigo...
Eu estava bem tranqüilo comprando uma fruta na esquina e quando vou dar o dinheiro, entra na minha frente um rapaz alto, de terno e diz: quero uma maçã, uma pêra, um...
Eu, normalmente ficaria quieto, mas achei educativo dizer: "Moço, eu estou na frente"
(deve ser filho de pais que jamais olharam para ele, preocupados em comprar algum novo carro ou colocar botox...)
O cara deu um pulo! Senti que realmente não havia feito "por mal", ele simplesmente não me viu...
Ele não sabia que existem pessoas ao redor.
Fiquei bastante impressionado.
Depois, outro dia, eu estava mais uma vez pacatamente comprando fósforos na mercearia e o dono foi se abaixar para pegar os benditos...
Uma moça do meu lado gritou: "moço, eu estou com pressa!"
Eu, preticamente um jesuíta, disse: "Amiga, eu também estou com pressa. Todo mundo tem pressa hoje em dia". As pessoas estão ficando loucas, pensei.
Um belo dia meu pai vai fazer uma curva e um rapaz simplesmente joga o carro sobre ele.
Desce do carro e começa a dizer mil palavrões, "vou te fazer pagar isso, quem tu pensa que tu é!"
Meu pai percebeu que ele pensara: "vou fazer esse coroa pagar o arranhão que dei no carro de meu pai". Daí reverteu a coisa e começou a dizer que era doutor em direito e, aos berros, que ia processar ele por calúnia, injúria, conduta indevida e mau hálito. O cara murchou e chamou o pai... (mais um pai comprando carro no domingo...)
Então...
Depois, tudo junto, veio a notícia:
"O professor Antônio Carlos Stringhini Guimarães, pró-reitor de extensão da UFRGS, 53 anos, morreu na manhã do dia 22 de outubro, vítima de um acidente de trânsito,
O cara tem um Corolla e não tem a mínima educação?
Ainda: a cena da prostituta foi assim- eu passava na rua, perto de um prstíbulo de luxo, e
ouvi uma menina falando no telefone: "olha, mamãe te ama, filho!"
Claro que a maioria das pessoas não são assim- ainda bem que temos colégios católicos, grupos de Igreja e missas- se fossem nem valeria a pena escrever...
Se o mundo anda muito inseguro e não sabemos a causa política disso, acabamos hiper-estressados... (E as pesoas reclamavam da castidade...)
Mas lembra? Aristóteles disse que o ser humano é social, não há vida sem comunidade, isolados adoecemos e precisamos de mais "eletrecidade" para nos levar serotonina... coisa que uma boa conversa resolvia...
Sabe como é, sem complicar, a comédia mostra que não precisamos ser nada, e nos alivia; a tragédia que existe gente que sofre, e nos interessa.
É o que meu pai chama de "crise moral".
Acho que as pessoas gostam quando se fala o que elas sentem, no fundo, quando
reforçam os valores delas... (bem grego isso, de criar identidade coletiva, concordância, democracia)
Isso nos ensinou também Érico Veríssimo, entre outros, pois seu "Olhai os Lírios do campo"
foi contra um modernismo elitista (...o clux do isso no fluxo do nexo...) e era possível de se gostar.
O que mais me emociona é que as pessoas de fora da Bolha numero 1 (a Universidade) dizem: li e gostei!
Puxa, isso é o máximo!
ajr
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