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domingo, janeiro 16, 2011

Há muito tornou-se constrangedor pensar na vida do dia-a-dia para qualquer intelectual sério, pensar em como conduzir bem a vida, por exemplo. Como dar conselho é anacrônico, devemos esquecer que precisamos decidir, olhar para trás, prever. Se o certo é quebrar tudo, não tem sentido pensar no que é certo, mesmo se o mundo explodir. A filosofia é uma múmia.

Fico muito impressionado com essa nova aristocracia que está se criando dos "vanguardistas eruditos", capazes de educar os ignorantes com o pensamento-dinamite pós-alguma coisa.

Um deles afirmava, com a força dos revolucionários, que não havia problema algum na educação senão a tentativa de se reerguer a "autoridade". Uma, agora, afirma que os jovens sempre foram isolados -ela, por exemplo, via TV a tarde toda - que não há nada de novo.

Um professor comentava que uma orientadora desprezava as boas idéias de seu orientando, que desejava entrevistar vários atores, afirmando que ele deveria apenas "dar voz aos próprios sujeitos da pesquisa".

Claro que muito do que se fez no contexto europeu como reflexão surge aqui apenas como eugenia, eurocentrismo e elitismo e que novidade é poder. Preocupo-me quando um saber se torna tão estranho a seu contexto, tão parcial, que, para defendermos o positivo do maior diálogo entre pais e filhos, por exemplo, negamos que existe um distanciamento entre eles, documentado por qualuqer professor com quem se converse.

Ou que, mesmo que sempre tenha havido o isolamento dos jovens, não havia o hikikomori que não sai mais do quarto e a intransigência, agitação e impaciência da geração Y-now.

Estaremos tão mergulhados na especialização que defendemos uma ideologia, querendo desconstruir no contexto da hiper-exploração? O sofrimento humano e a miséria sumiram do mapa no mito de que a verdadeira revolução é a dos valores, onde se pode debater tudo, menos a injustiça dos poderosos? Revolução como venda.

A filosofia do martelo se tornou, quem sabe, a nova erudição empoeirada.

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