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domingo, junho 19, 2011


Audiência pelo Belas Artes na Assembleia Estadual levanta o tema da utilidade pública


Em Audiência na Assembleia Estadual nesta quinta feira (16), o deputado Carlos Giannazi enfatizou a utilidade pública do cinema como espaço de memória afetiva e ponto de referência na vida cultural da cidade e do país, comprometendo-se a acompanhar as ações que estão tramitando na Casa, a levar à Comissão de Educação e Cultura da Assembleia o caso, assim como a iniciar busca de parcerias com empresas públicas e privadas no sentido da compra do espaço (assim como ocorreu com o cinema Odeon, marco da cidade do Rio de Janeiro, que foi comprado pela Petrobras).

A audiência se manifestou citando o caso do Teatro Oficina, tombado recentemente, o caso do terreiro Ilê Axé Obá, tombado há 20 anos e a desapropiração da Casa de Sérgio Buarque de Holanda. Foram lidos depoimentos emocionados de frequentadores do cinema e apresentado um video de Marina Puech com personalidades como Lúcio Mauro Filho e Gorete Milagres em defesa do cinema. 88.760 pessoas já apoiam a causa no facebook e as listas contam de mais de 30 mil assinaturas.

Em março o vereador Eliseu Gabriel reuniu-se com o prefeito levantando a necessidade de reconhecimento da utilidade pública do espaço e este preferiu não se pronunciar. A lei 14. 604/2007 do vereador Chico Macena (PT) precisa ser regulamentada pelo prefeito para dar poderes ao CONPRESP no sentido de registrar patrimônios imateriais, o que prevê medidas de salvaguarda.

O Movimento pretende agora sensiblizar as autoridades para que vejam o caso como exemplar da utilidade pública dos cinemas, em especial do cinema de rua de fácil acesso e com preços populares (com opções como o Cine Clube e o Noitão), da necessidade de se valorizar a identidade coletiva dos paulistanos (o cinema tem 68 anos) e de se planejar o lazer, a qualidade de vida e a diversidade cultural na capital como determina o Estatuto das Cidades de 2001.


http://www.causes.com/causes/561939?m=970080e7
querobelasartes.blogspot.com/


Deputado apresenta projeto de desapropriação
do prédio do cinema Belas Artes

publicado em 23/02/2011 às 20h37
Carlos Giannazi fez o anúncio durante encontro com representantes de entidades culturais
João Varella, do R7 -
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) afirmou, nesta quarta-feira (23), que apresentou um projeto de lei para desapropriar o prédio do cinema Belas Artes, no centro de São Paulo. Segundo o parlamentar, o projeto começou a tramitar na terça-feira (22). Ele disse que vai pedir regime de urgência na proposta, o que deve acelerar o processo.

Giannazi fez o anúncio durante uma mesa-redonda com representantes de entidades culturais no próprio Belas Artes, cinema de rua tradicional da capital que corre risco de ser despejado. Os donos têm planos de ceder o espaço para outras atividades econômicas.

O pedido de Giannazi faria com que o prédio ficasse público. O deputado afirmou que seu projeto não anula o pedido de tombamento do Belas Artes.


Vereador quer pedir a Kassab que Belas Artes
vire área de utilidade pública

Luciana Sarmento, do R7

O vereador Eliseu Gabriel (PSB) afirmou na noite desta quarta-feira (16) que pretende pedir uma reunião com o prefeito Gilberto Kassab (DEM) na quinta-feira (17) para discutir a situação do Belas Artes e pedir que o cinema que fica na rua da Consolação, em São Paulo, seja declarado uma área de utilidade pública.

- É mais uma forma de pressão para que o Belas Artes continue como está porque na hora que é declarado área de utilidade pública, ele não pode ser vendido.

De acordo com o vereador, o processo de transformação do Belas Artes em uma área de utilidade pública pode durar “dez minutos”. Ou seja, basta que o prefeito concorde com a medida e assine o termo.

Alguns depoimentos de paulistanos enviados ao CONPRESP.

"Vi a sala 4, Aleijadinho, vazia, sem as poltronas, sem caixas de som, sem luz. A tela ainda resistia lá na frente. Até fazia eco.
Uma tristeza de apertar o coração. Mas vamos lá, vamos tombar esse prédio e trazer o Belas de volta".

Hirao
"Apresentei-a a muitos dos meus amores e a revisitei com tantos outros, mentiria se dissesse que houvera trazido todas as mulheres da minha vida. Minha mãe nunca a conheceu e, infelizmente, tão pouco vai conhecer.

Meu segredo é: não tenho receio em dizer que atesoro cada um dos bons momentos ali vividos. Sobre aquele terraço de mármore negro limitado por uma grande vitrine de vidro assistindo ao corredor de ônibus sempre congestionado naquele ponto, terminando a Rebouças, eu iniciei muitos dos meus romances.

É triste, mas a vida não é como nos filmes de finais felizes e encantadores, as vezes penso: vivemos no real teatro da tragédia".

Fernando Fileno

"Em 2004, durante uma conversa com André Sturm, tive a ideia de levar crianças, escolas, para o Belas Artes. Entrei em contato com a ONG - Instituto Padre Mariano, na qual eu havia trabalhado como voluntária e apresentei uma proposta. Eles escolhiam o filme e agendávamos a sessão. Mesmo sem patrocínio realizamos as sessões gratuitamente.
Mas para eles este dia era muito importante...enfim, era o dia de ir ao Cinema Belas Artes, então caminhavam e caminhavam felizes!

Ao final de cada sessão todos aplaudiam de pé o filme e, ao sair do cinema todos me cumprimentavam agradecendo a oportunidade.

Nos grupos de jovens do Abrigo Municipal (meninos de Rua) e em Liberdade Assistida (ex-detentos), nenhum deles havia entrado em um Cinema antes.

Descobriram o que era um "cinema" durante esse Projeto. Aprenderam a amar, apreciar e respeitar a sétima arte. Descobriram que também podiam sonhar, imaginar e transformar as suas realidades".
Wania Malafaia


"O CINEMA BELAS ARTES É DA CIDADE DE SÃO PAULO. UM ÍCONE DA CULTURA E DA HISTÓRIA DA CIDADE.
COMO PAULISTANA VOU LUTAR POR ELE".
ESMERALDA HANNAH

Telmo Estevinho – aposentado (muitos frequentavam às tardes)

"A primeira vez que estive em SP foi em 1992 para conhecer o Belas Artes, um cinema famoso que nós, no interior de SP ouvíamos muito falar! Vi "O Marido da Cabelereira" e nunca me esqueci das pessoas na sessão lotada, das poltronas, da atmosfera charmosa que o cinema transmitia! Este cinema não pode fechar, é muito mais que um prédio, é uma atmosfera carregada de histórias da cidade de SP, dos seus visitantes"...

Exemplos de tombamentos.
http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/arvore-de-155-m-esta-em-processo-de-tombamento/
http://www.n-a-u.org/Amaral-patrimonio.html

Terreiro tombado Axé Ilê Obá

No dia 16 de agosto de 1990 surge um fato inédito na história de São Paulo. O tombamento, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), do Axé Ilê Obá, um terreiro de candomblé de nação ketu, localizado na Vila Facchini, na capital de São Paulo.

Este tombamento coloca em evidência a possibilidade de repensar o conceito de patrimônio histórico e cultural e seus modos de preservação, ao mesmo tempo em que dá um exemplo concreto de uma política cultural avançada, levando em consideração o conjunto dos valores culturais de um grupo, mesmo se eles não têm sido reconhecidos como tais pela história oficial.

O CONDEPHAAT mostra, com esse tombamento, que é possível dar passos efetivos para a renovação do conceito de patrimônio cultural. Aos órgãos de defesa cabe garantir as condições para que isso se dê.

Rita Amaral

pesquisadora do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo, doutora em Antropologia Social pela USP

A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
COMO DIRETRIZ URBANÍSTICA DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA
www.mp.mg.gov.br/portal/public/interno/arquivo/id/3449

Foto: André Meloni

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