É
o comum das coisas humanas ter dois lados - nada é como o disco de
Odin, que, tendo caído virado nunca mais poderá ser visto, pois é
apenas máscara.
Há
mais de cem anos viveu Guilherme IX, duque de Aquitânia, a quem a
Igreja persegue e odeia por seu amor às mulheres e por seu
adultério: prometeu colocar a imagem da mulher de um visconde no seu
escudo de cruzado. Esse homem fez as mais belas e vulgares canções
sobre o amor, chamando as mulheres ora de "cavalos bons e
nobres", ora de "anjos da alegria". "Tantas vezes
as fodi como ouvireis: cento e oitenta e oito vezes! Meu couro está
rompido."
Eu,
notável em Bolonha, fui condenado pala história e pelos poetas por
ter entregue minha irmã à luxúria do Marquês de Ferrara. Ele
mesmo sangrou sob a espada de seu filho, roubo do ouro roubado. É
verdade que cometi esse ato infame; é verdade ainda, que amava minha
doce irmã.
Andreas
Capellanus, escreveu um Livro final para sua Arte
do amor cortês,
condenado o prazer da carne, talvez por temer uma punição, sendo
clérico.
Não
foi por dinheiro que vendi a castidade da donzela; eu mesmo chorei
caminhando sob o céu verde-dourado e não achei árvore para
enforcar-me, como Judas. Não saberia ainda hoje a razão. Maldito o
espelho dos espíritos da alma. Narciso é feito de sombra e
substância; nosso inferno é ser eterna luta.
O trabalho Caccianimico de Afonso Lima foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em http://afonsojunior.blogspot.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário