Caro Pe. Lobato:
A senhorita M., que acaba de falecer em nossa casa aos 45 anos, de modo terrível, era parte da família. Ela foi abusada por seu padrasto e viveu quase um ano na rua, até que um primo a descobriu e a enviou para uma casa de caridade católica, onde foi treinada para ser empregada. Infelizmente, com 13 anos, sem que seus parentes soubessem, foi entregue a uma família e viveu dez anos sem poder sair de sua propriedade, sem contato com nenhum conhecido. Sua irmã depois de casada, contou o caso para o marido, que iniciou uma longa busca e finalmente ela foi resgatada pela segunda vez. Veio trabalhar conosco quando eu era criança e permaneceu comigo quando minha mãe faleceu e eu mesma tive filhos; nunca se casou. Seu ato contra si mesma pode ter sido causado por uma secreta depressão, minha filha tinha dito achar que ela estava mais silenciosa e ensimesmada recentemente. Nos alivia o coração pensar que sempre a tratamos bem e que ela teve mais sorte do que a maioria das crianças desprivilegiadas, contando com todo o conforto e respeito que uma família pode dar. Sem mais, Elizabete.
Afonso Lima
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