O rei estéril, doente o cosmos
pelo rádio escuto tristes novas
é como se uma guerra tivesse chegado
partimos em busca do rio
na terra de lua seca e sem primavera
melancólico choro e lembranças
não tenho, não sei ter
cruza um avião o céu e eu sem pressa
outra linhagem, muito pior
de tolos heróis, violência incontida
de ferro sereias, sem voz humana
bancos de corais em ruínas
devolve o mar veneno químico
resumo da alma
este rachar cinzento
em busca da água
arar e plantar sonha o magro velho
alquebrado em sua pedra
onde as palmeiras agonizam
os ossos dos mortos saem da terra
lamentando a estéril coroa
o ouro som surdo do peito
no caminhar pelo sonho de cascalho
a multidão em círculos no túmulo
prece silenciosa no tempo eterno
noiva impossível que dorme sonho de ninfa
na ponte metamorfose do negociante
olhando água suja olhos frios
a aranha tece, um todo falso
a tradição das casas doentias
linhagem sombria contando moedas
cidade controlada a pele dura
o coro de soldados estranho mar de gemidos
locais áridos os quais o Demônio frequenta
morcegos dormem talvez não haja amanhã
não tenho, não sei ter
o sorriso da menina de casaco azul
não, verde! com seu botão pequeno
de rosa cantando baixo
na terra de lua escura e sem primavera
Afonso Lima
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