(Para Samir Yazbek)
O horizonte anuncia
tempos fora do tempo
já as flores lilases se escondem
a velha luta enfermidade
vivê-la ainda uma vez
o Menino sobre Hiroshima
"Ninguém nasce anormal"
Abutres na carne mordem
cálculo que não se olha
minha pena com tinta
quente da América
A menina que só faz no mato
não sabe que aqui os melhores não vencem
vencem os endinheirados
o menino com fome
espera pela aula
leva tempo
para se fabricar um bandido
O índio entrega sua orelha
para quem ganha por orelha
o efeito primogênito
o diabo temia (na sua filosofia)
pela civilização (ou não)
os fortes aprisionados
o sangue misturado
O fígado na cama
as máquinas obscuras
no beco dos condenados
medo do fraco
os ratos devorados
o filho, o pai, a mulher
desapareceram na cidade
América de garras compridas
multidões assustadas
limpar a neve da peste
civilização do diabo
Uma estrela coberta
desfocada uma nuvem rosada
luzes distantes meio céu de
chumbo
apesar de tudo um réptil
escuro e pequeno corre por aqui
O pampa de silêncio morto
Ninguém animal ruim
minha pena com tinta
quente da América
Afonso Lima
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