Mario
Eu não tenho natureza e amor pouco
para fazer poesia
Te ofereço essa ausência, um zero
neste deserto de ideias,
- local seco e arejado,
ali apertam-se os malditos
entre o céu escuro e o viaduto -
a tua esperança e festa me refrescam
Mario, a máfia tomou a cidade
sol, domingo, restaurante, a boneca
roda orgulhosa e fria, o tiro
onde dormem os servos cansados,
sem lei, sem praça para crias macias
a beleza se prostitui com ópio próprio
o pobre tem vergonha de sua miséria
o rico ensina o desperdício
o rio já sem sereias a pura noite
a cidade em brasa e seu tormento
só um coro de pardais luta e acredita
mas é sempre mais que isso
e as crianças correm e caem
é imprevisto
Afonso Lima
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