Um ser livre no mundo reprimido
Folhas verdes balançam no alto da árvore
Respirar
Pensamentos nunca pensados
Abrir um buraco
Achados e perdidos de palavras
neste espelho mostro
como você parece em meu pensamento
E tudo volta ao primitivo silêncio múltiplo
A música nos salva
em são paulo
alguém toca o bandolim que toca tanto em mim
é maroto caminhar no MASP e acreditar que aqui é lindo
um raio de luz, batuque, amar o mosaico aquarelado
fitas coloridas
metamorfoses
em silêncio, no escuro outro som
adormecer e acordar no sonho
porque nasce ao lado do muro um futuro
dança africana acordar com bentivis
cores russas resiste recebe e transmite
cabeça na grama e metas de beleza
caem flores e um pensar verde-vida
silêncio
o meu pai nasceu livre e fundei um império
o seu pai nasceu escravo e você observa meu café
eles acham que a vida é uma mercadoria
como qualquer outra todos contra todos
são paulo é festa e renasce e transforma
pastel de feira encontros sushis
o céu
O som sem sentido nos salva
em são paulo
e os seres se unem no último minuto e a vida vence
deitar na escuridão leve pluma estrelas
lógica outra impossível desbunde mergulhar
procurar o poema eu que sou tantos
em são paulo o cômico o concreto vermelho
silêncio
malandragem paulistana eu sinto
na palmeira selvagem são joão
os industriais apoiavam o fascismo pense nisso
mas as moedas fenícias que criaram as línguas
até a Guerra Fria tinha uma magia (acordo) o coro nos consola
under o rio que corre a ninfa trans
lirismo barroco no mar agitado e raios
o céu
eu quero parar um pouco e lembrar e saber por quê
moda de viola ver por tua linguagem
sim são paulo oculta de zen e mãe terra índios
desfazer os destruidores palavras-flechas
o corpo
ninja no nada alma em trovoada navio desgovernado
florescer a lei que seja seiva e afeto tão lúcido
controlar a máquina de caos e mais e mais
recuar refletir voltar pelo outro caminho
a flauta nos salva em são paulo
polifonia um lago sereno um sol que esteve no começo
a música
caminhar lentamente serenidade ar: vazio
árvores em frenesi no livro um país longínquo
nada é eterno certo nada tinha de ser assim
o ser humano erra só o que dá prazer é bem
rimas de resistência na bela são paulo
poetas do punk com maracas discos de vinil
em são paulo a bela a pólis das plumagens coloridas
a música nos salva em negra primavera
eu escrevo brasileiro olho e seu olho me olha
estamos na terra a terra germina
e tudo volta ao primitivo barulho único
Afonso Lima
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