Depois de um
giro pela rede, TV e rádio a sensação que se tem é de que a crise existe: falta
inteligência no Brasil. É a rádio do estado praticamente dizendo que Dilma é
histérica e o processo de Curitiba uma normalidade plena. É o comentarista
advogado na TV mais imparcial dizendo: “olha o que esse cidadão (juiz Moro) está
fazendo pelo Brasil... é fácil ser pedra, difícil é ser janela”. Então, por que
jurista andou pedindo a prisão dele?
Uma rápida
olhada no passado colonial nos lembraria que tem coisa que vem desde Brasília:
“Na rodada
seguinte de expansão, que é o Programa Grande Carajás, ainda na ditadura... vão
construir uma ponta de organização do setor, o lugar em que você pode trazer as
construtoras, que vêm para o Maranhão para tocar as obras. Você tem o esquema
das construtoras, das licitações pra conseguir esses contratos, e a
contrapartida em termos de financiamento de campanha”. (Dória, Palmério.
Honoráveis bandidos. São Paulo: geração editorial, 2009)
O que
garante uma estabilidade democrática?
Entre outros
fatores, a imparcialidade da lei e a publicidade dos fatos discutidos com
pluralidade. Ambos parecem em falta. A operação Lava Jato só na aparência tem a
ver com corrupção; parece - ainda mais depois desse ato desesperado de evitar a posse de Lula como Ministro cometendo crime - um plano de "impeachment preventivo" Lula-2018.
Imparcialidade
– Alguém se lembra que Youssef foi que operou com Mr. Big ou Ricardo Sérgio de
Oliveira, ex-tesoureiro das campanhas do PSDB, o coletor de contribuições
milionárias para os tucanos e depois – como diretor da área internacional do
BB, indicado por FHC - ajudou a usar recursos públicos para as privatizações?
“Em quatro
anos, entre 1996 e 2000, Mr. Big teria remetido uma montanha de dinheiro com a
altitude de R$ 20 milhões (para contas de Alberto Youssef e Dario Messer,
doleiros, na agência nova-iorquina do Banestado). (Ribeiro Junior. A privataria
tucana. São Paulo: Geração Editorial, 2011, p. 93).
Mas a
operação só foca na Petrobrás, certo e naquela fase na qual os aportes à
estatal aumentaram, ou seja, depois de Lula.
Se agora o
Brasil parou é porque também o PSDB ajudou sendo uma oposição intransigente. Chegaram
ao cúmulo de parar qualquer votação enquanto não fosse votada a comissão de
impeachment.
Ainda: “O
ex-tesoureiro das campanhas do PSDB recebeu propina de Jereissati, um dos
vencedores no leilão da privatização da Telebrás”. Ou: “O dinheiro público
financiava a alienação das empresas públicas... a gratidão expressa-se
zelosamente nas campanhas eleitorais do PSDB”.
(Ribeiro
Junior. p. 65).
Um economista
vem dizer que “se esse governo não cair”, “em permanecendo esse governo”... (A crise da China jamais foi lembrada como causa; que, em 2015, um em cada cinco portugueses estava abaixo da linha da pobreza).
Então são os
donos de ações que decidem se um país cai ou não num estado de exceção? A
vergonha internacional de ser uma república das bananas onde a oposição não
gostou e não deixou governar é desculpável porque “o mercado” ficou contente?
Até o pobre
amigo Kotscho, cansado de guerra, chega a dizer que é melhor uma saída, qualquer
saída. Qualquer não, amigo.
Um deputado
da suposta base aliada, do PMDB-aquele, vendo cifrões já afirma: “Com tanta
corrupção e crise. Se trata mais agora de defender nosso país”. É um Maluf de
30 anos.
Nosso
diretor geral do golpe, digo, comissão, assegura que tudo está muito dentro da
legalidade, pelo rito, etc. Ah, bom.
Até o
presidente da Associação dos Magistrados Conservadores de Primeira Instância
vem dizer da grandeza e bravura desse sujeito curitibano, de quanto é normal
levar pito por “comprometer a segurança nacional” vazando a presidenta.
É uma
vergonha que a OAB, que já foi a luz da consciência pública, pareça ter embarcado
numa onda conservadora apoiando o impeachment risível.
O pior de
tudo é que, se em 13 anos conseguiu-se acabar com a fome, construir casas,
criar cotas, criar universidades, as togas, como se dizia na família Sarney,
não são “nossas”. O PMDB como partido nacional, mesmo que fragmentado, ainda
assusta por poder subitamente, tornar-se um furacão neoliberal como o governo
Sartori no RS. A população opta por partidos nanicos com discurso moralizante e
simplista, dada que a estrutura do ensino, estadual e municipal, ficou na mesma
e o grau de informação da população é baixíssimo. Junto a isso, as Seis
Famílias Irmãs mandam em 200 milhões de corações e mentes com suas verdades.
O último que
elegeram com esse discurso eletrônico confiscou a poupança de todos os
brasileiros e teve gente se matando.
A vida é
outra nas redes, é claro. Houve, por fim:
"O Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo protocolou nesta quarta-feira, 23, uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz federal Sérgio Moro."
"O Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo protocolou nesta quarta-feira, 23, uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz federal Sérgio Moro."
Pensando
bem, com tanto massacre sobre crise e corrupção é incrível que a maior
inteligência esteja nas ruas, com as pessoas dizendo: “Não vai ter golpe”.
Em 30 dias
uma presidente eleita pode ser destituída por um corrupto histórico e seus
aliados.
Mas quem se
importa?
Afonso Lima
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