Soldados americanos confiscaram os livros clandestinos.
No alto da colina, nos fundos da mansão, ficavam guardados à sete chaves numa sala abandonada.
Mas o filho mais velho perguntou ao pai, no churrasco no jardim:
- Se falam do totalitarismo, que perigo pode haver?
- Me passe a linguiça - disse o pai, suando.
Conhecia o segredo. O rapaz decidiu esconder-se duas horas por dia no depósito.
O que dizia o livro?
Depois que alguns animais passaram a viver naquele novo tempo, eles trabalhavam mais e comiam menos.
Depois que alguns animais passaram a ser totalmente livres, não podiam falar o que pensavam.
As novas ordens eram passadas como pensamento crítico.
Alguns animais acreditavam que nada podia ser diferente.
O filho mais velho decidiu caminhar pela cidade. Achou estranho buracos no chão, viu um homem sem sapatos olhando a lata de lixo, quase foi atropelado por um carro dos que costumava usar.
O filho mais velho começou a vender os livros de forma clandestina.
Afonso Lima
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