que os livros vão demorar
que tudo chama e não dá pra parar
eu quero dizer e só digo meio
o que acende teu coração?
no baú da humanidade
retalhos e aviamentos caídos
a concentração abre a porta
é preciso sair
de fora de tudo observo
minha pele quer dizer
alguma coisa impalpável
um mar de azul furioso não visto
cogito
magia de número impensado
queria te dizer que a desmemória
o mundo que se copia
(afirmo no passo recuado
de tudo que sei sem querer
um certo rumo afirmado)
é sombrio
tem o perigo insípido
da morte subindo pelas paredes
como galhos
os tecidos pálidos sem fome
do jardim sintético
do relevo apagado
um tempo sem crise
nega a estação o agora
do chão
que sempre pede outro
fruto
que o que se é se faz
negar o olhar que nega
empoeirando maquinalmente
a memória o pântano
de verdades prontas
para a guerra
bicho livro inclassificável
talvez livros porque
é duro viver sem a lua
a música recria o ar
a destruição avança
daquilo que não renasce
e toda certeza é falsa
que as palavras precisam se libertar
a rosa responde ao cinza sendo rosa
que surpresa um pássarocom uma gaiola dentro
(abro a janela
e as flores têm seu glamour
de renda matinal)
nego a química e o número
quero repensar a estrutura do universo
mistério
Afonso Lima
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