O teólogo andava na margem do rio.
O filósofo fala sobre o dogma da razão.
O pensador pedia que se sentassem um pouco.
- Os representantes ignorando a vontade popular, disse o teólogo. A dignidade humana.
- O que as pessoas precisam é de um mito pelo qual construam uma noção de identidade - diz o filósofo.
Uma chuva fina cai recebendo o sol oblíquo. O verde parece acentuar-se em contraste com nuvens escuras dispersas.
O pensador, tocando a relva, pensa em voz alta.
- Você fala como se a filosofia fosse, toda ela, um gesto de apagamento. Parece que existe algo mais rigoroso que o conceitual, não?
O teólogo, escondido sob a árvore, diz:
- Eu temo pelos irmãos. Os meios de comunicação funcionando como propaganda...
Penso no vínculo comunicativo entre os seres humanos.
- Saia de baixo da árvore, pode ser perigoso, diz o filósofo.
O pensador faz um gesto para que eles o acompanhem. A chuva está mais forte, ele terá de voltar à cabana.
Afonso Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário