quinta-feira, janeiro 26, 2017
Ao poeta
O prédio estava em reforma. Eu desenhava quadrinhos, tinha 12 anos.
Uma sala com um artista. Não sabem como ajudar.
Leio agora na parede sobre Theo Wiederspahn, nascido na Alemanha em 1878. Quando mostrou a planta do prédio, em 1915, a municipalidade temeu que as passarelas sobre a rua ligando os dois prédios de sete andares caíssem. Era o primeiro concreto armado de Porto Alegre.
Antes dos assisistas e borguistas fazerem acordo em Pedras Altas (castelo agora colocado à venda pelo estado).
Em 1928, a cidade ganha avenidas largas pavimentadas.
Em 1985, cria-se o Ministério da Cultura, logo a comunidade exige um centro cultural em homenagem ao seu poeta.
Vejo uma galeria fechada. Um bar fechado.
Há alguns anos atrás, o cinema quase fechou porque o patrocínio morreu.
As portas quase fecharam, não se pagaria segurança.
Tempo, tempo, tempo, tempo.
Na parede: "Eu era o assunto de que tratava o livro", tradução do poeta.
Sento numa cadeira solitária na passarela, abro um livro.
A literatura tão transparente
quase fada, sinos na carroça
labirinto da vida, a poesia leve pequena
cavou no tempo um espaço
Seja diferente
o gringo no jardim japonês
colunas rosadas - o rio ao fundo
beatles passando na cidade faroeste
no quarto, poesia faz o aço
Ame o diferente
california dreaming nuvens um raio de sol
lâmpadas vermelhas na rua dos cataventos
vento e barcos no dia cinzento
a primavera em vermelho, foto, sino da tarde
o vento existe, vida resiste
Afonso Lima
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