meu tempo não é um tempo de solidão
de vastas montanhas e água corrente
de generosidade
meus ossos falam com teus ossos
não serão tão diferentes
os nomes às coisas atribuídos
eu deixo para os inseguros
tantas coisas que eu não posso mudar
a morte que eu não posso esquecer
como as coisas saem do controle
mas agora
as coisas invisíveis serão desprezadas
em pedaços sou melhor talvez
pelo menos não imponho nada a ninguém
e aceito o que foi e será
tenho pouco mas me orgulho
honra e glória sem realização não quero
não quero nada nem sequer amor
eu venho lhes trazer o espaço infinito entre um passo e outro
porque estou cansado dos fatos, dos dados feitos de opinião
quero o espaço no qual força e fraqueza dançam juntas
a rapidez não resolve nada de fato
não é hora de mestres, mas de curiosos
meu tempo odeia
grandes verdades, pequenos sentimentos
horizonte róseo e pensamento livre
perder por um dia, que contentamento!
duvidar e sair do caminho
e quem sabe no tempo perdido se ache no outro um caminho
meu tempo não é de memória
lentidão, névoa e oh! tristeza
(a tristeza observa o pensamento da multidão)
não é de fracassar e ser ridículo
meu tempo esconde a dor
(porque pode ser que haja mais felicidade que essa falsa
rápida sob demanda)
a honestidade, que faz a diligência
quero deixar-me em aberto
tão perdido no improviso
meu tempo despreza o não resolvido
porque tudo pode estar errado
sou pétala na água
torre cinzenta esperando a tempestade
meu instrumento é tocado na montanha
tão confuso e lutando e caindo
estudo as formas da beleza e sou com muitos
meu tempo pensa que a velocidade é conquista
mas o espetáculo do campo de batalha assusta
valores corrompidos, vitórias mentirosas
homens tristes pensaram em novos sistemas
sou das conversas na cozinha, dos livros, da ação sábia
o que é é belo porque a vida é isso
meu tempo finge para si mesmo a perfeição.
Afonso Lima
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