- Na colônia a lei comum não se aplica.
- Eu sou professor.
- Foi declarado um combatente inimigo.
Ele levava livros na pasta, outra língua, foram queimados. Ele ligou para o consulado.
- Eles disseram que se eu me declarar culpado e assinar uma declaração, não serei preso preventivamente e responderei ao processo por "laços terroristas suspeitos" em liberdade, apenas indo depor diariamente no Departamento de Segurança Interior.
- Não assine nada!, disse o homem do outro lado da linha.
O cônsul veio correndo, tarde demais.
Foram colocados em aviões e andaram por nove cidades sem terem acesso a um advogado.
Na colônia, todos os funcionários eram brancos. Gostavam de jazz e gim. Iam à missa todo o dia.
Os combatentes inimigos não tomavam banho quente. Os combatentes inimigos comiam pouco. Os combatentes inimigos não ligavam para os parentes. Os combatentes inimigos dormiam com luz acesa. Os combatentes inimigos era interrogados por horas. Os combatentes inimigos eram surrados. Os combatentes inimigos podiam ter os pés e mãos algemados. As filhas dos combatentes inimigos tinham medo e ódio. Os combatentes inimigos podiam morrer.
- Qual o meu crime? Qual o meu crime? - ele gritava enquanto insetos eram colocados em seu corpo.
Afonso Lima
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