um canto ainda ouço, azul o pássaro
um raio de sol, somos todos iguais
a chuva não dura para sempre
construímos torres de vidro
para o homem tomar água que corre na rua
ele está com o peito nu, lava os cabelos
construímos satélites
para o velho sujo e com unhas grandes
sentar na calçada e pedir esmola
construímos computadores
para uma geração sem história
desprezar a velha que vende cigarros no metrô
o sofrimento precisa sumir na névoa
perca todo o seu tempo querendo mais comida e plástico
se tornando o que nem quer ser
o corpo precisa de conforto
o corpo só vive com outros corpos
não vive um pássaro solitário
um canto ainda ouço, é a memória que insiste
o nosso silêncio é a nossa arma
o inverno não dura para sempre
Afonso Junior Ferreira de Lima
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