Ninguém sabia no que ele estava trabalhando.
Seu neto de doze anos entrou na sala e disse:
- Vô, o que o senhor sabe sobre a lei de banimento dos casamentos inter-raciais de 1937?
Ele percebeu que devia fazê-lo.
Quando chegou, percebeu que as ruas estavam sujas e desertas. Um rapaz com uma arma chegou perto dele.
- O que você quer? De onde veio?
Ele viu uma poça de sangue no chão. Esperava que sua arma não fosse descoberta.
- O que está acontecendo? Chego de longe. Esse é meu país, mas eu não o reconheço mais.
- Venha para meu porão, disse o rapaz.
- Estamos caçando estrangeiros. Eles nos exploraram por anos e agora queremos vingança.
- Vocês tem uma lei que proíbe casamentos com imigrantes?
- Sim. Nosso Parlamento votou semana passada. Agora estão prendendo quem se manifestar contra.
O homem decidiu recuar um pouco mais. Precisava acertar no alvo.
Chegou na rua um minuto antes do primeiro-ministro sair de casa. Estava cercado de repórteres. Tinha de ter uma mira perfeita.
Logo, o homem estava rodeado de uma poça vermelha.
Tentou voltar ao ponto anterior.
O rapaz agora estava fumando num muro.
- Preciso saber uma coisa. O que tem a dizer sobre a lei de casamentos inter-raciais de 1937?
O rapaz pensou e o levou até a praça.
Um enforcado pendia azul na sua corda.
- A lei não foi votada. O primeiro-ministro foi morto antes. O rei abriu um processo. Enforcaram os líderes da conspiração fascista.
Seu neto entrou na sala e disse:
- Vô, o que o senhor sabe sobre a lei de banimento dos casamentos inter-raciais de 1937?
Ele era uma mistura de raças. Se a lei fosse aprovada, quem faria sua descoberta?
Afonso Junior Ferreira de Lima
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