por sorte minha vida
foi completamente inútil
(e nem completa)
por sorte não me preocupei de mais
com coisas curtas e extremas
devo tudo ao meu eu lírico
a ele devo minha angústia, meu choro
o beijo sobre a grama no alto do abismo
e - realmente - meu riso de flor forjada
posso ser esse vazio de máscaras
colhendo as dores da humanidade
a esmagada
por ele fui todos e nada
agora sabemos aqui tem uma plateia
que é o pensar e como
que cada isso é o que é e nada expressa
todavia via - mundo chama
pele de peixe vibrar do mineral vivo
analítica das chamas tremores
analítica das chamas tremores
vamos ficcionalizar
(a verdade de uma realidade é a lágrima
repetitiva animalidade, sabedoria do pão)
(a verdade de uma realidade é a lágrima
repetitiva animalidade, sabedoria do pão)
a curta vida a inútil dobra
desaparecer e desmoronar
pensa no mundo, pensa na
essência humana na indústria
meu sujeito lírico faz deus como objeto
solidão de rochedo ou juízo dos sentidos
portal do sonho sem esperar
portal do sonho sem esperar
e revela o abismo fundamental
união desunida impessoal amor
do binário tudo que se fixou
o para além da realidade
Afonso Junior Ferreira de Lima
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