O silêncio interrompido da parede de música, vida cinzenta, ramos encolhidos, dentro do vidro, o turbilhão do fim dos tempos, um avião que desaparece entre as nuvens, ondas de som e o carro fúnebre que desliza, na pedra pingos de chuva no painel oceânico, policiais deslocados pelas notas, o pensamento sente o impacto da intensidade presente, pensa sem regra, capta a liberdade opressora da estrutura, aquele mundo cinzento de luxo, vidro, metal, o resultado é o caminho, é preciso se especializar, é preciso produzir, pensamento calculado, nada de metáforas, nada de cruzar fronteiras, houve uma guerra na rua, o poder criou uma ilha, o método é parte do fato.
Ontem, nesse espaço, a partitura voz-espaço beckett, um tambor ao fundo no azul escuro da queda, movimento da consciência, o piano, giram máquinas amarelas, as duas vozes - o pão de queijo duro que se come poucas moedas, pão da tarde, laranjas roubadas na noite, estudante humilhado, o turbilhão desmoronando, sopro, fim do tempo, não ser necessário, não precisamos de textos autoritários, lembra, eu não posso, não o real em pedra, nem o silêncio, a comunidade em algum lugar, entre o fluxo de imóveis móveis, não posso branco quase branco espaço zero, frio branco, explosão, ruína, gero em mim um vazio, buscar algo, escorre nas raízes, invadem o palco, os particulares autônomos chegam ao diretor, arte como forma do mundo, disposição, proposta de síntese, olhar para trás, questionar o método, ouvir as vozes, um velho ouve suas memórias, eu mesmo pingo de água, flor laranja, aqui me movo para aquele homem, como andávamos pelo parque, chove, amigos que param para fotografia, abrem os braços, um deles se atira nos braços de outro, tudo acabou tão mal, não é fácil romper, heranças, lama que arrasta, dique que rompe, pensamento-ação catástrofe do eu-natureza, fim do movimento.
Aqui amanhã na parede foto de amigos.
Afonso Junior Ferreira de Lima
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