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sábado, outubro 28, 2017

da escravidão

Poeta, não tenho a rima, mas o sonho teu por liberdade e
república, o sofrimento do meu povo, tempestade e raio
e exótico desejo de justiça
história que explica, lei que afirma, país que repete
escravidão
quero essas asas
ser irmão do escravo que trabalha

Supermercado vendendo sanduíche
o salário não atinge o filho quer mochila
mudando tudo a aurora mais escura
alguém precisa comprar barato e vender caro
preciso comprar água, preciso comprar sangue
comprar é a alma do mundo

os direitos do povo usurpados
um dia novo e tão velhas correntes
sonhar com outro mundo
navios em terra em telas e no crânio vazio
não é minha a aurora, noite e dia, o mar
quero essas asas
tua arma é a poesia


Afonso Junior Ferreira de Lima


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