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segunda-feira, outubro 16, 2017

O crime perfeito

Investigador
Aqui estou eu, buscando alguma coisa que dê sentido à essas impressões efêmeras, criando hipóteses, acreditando que as coisas se repetem como antes. O crime tinha sido cometido, mas podia piorar.
Não era como aqueles agentes antigos: alguém tinha que levar a pessoa a um lugar numa certa hora.
Eu estudara isso na feira de ciências, fizera maquetes. O que eu vira era monstros capazes de matar rápido. Agora, metal retorcido, tetos desabados, ondas violentas. Uma cidade em perigo, um animal extinto. Aquelas fotos contavam uma história. 

Crime
Assassinato. A molécula de metano absorve 23 vezes mais os raios infravermelhos que uma molécula de gás carbônico, 8.100 vezes mais uma molécula de CFC-12 da geladeira. Tinha a ver com carvão negro que entrava nas plumas dos pássaros em 1900. Progresso como corte. O nitrogênio, plantas e animais morrem, exagero, eutrofização, a água irreconhecível. E interações complexas, carros, concreto quente, pasto, madeira, investimento no mercado dos combustíveis fósseis, lucro. 

Vítima
Florescendo no outono. A fenda no gelo. O gelo cobre pouco os Alpes. A água quente destruindo corais. Deserto novo. Abandonaram as casas. Máscaras para respirar. Algo no centro disso tudo. Um pensamento. Mistério. 

Afonso Jr. Lima 

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