Ele observou o "espelho". Seu marido estava na sala, tomando um vinho, acabara de chegar do trabalho.
O rapaz era um negro com belos músculos. Precisava pensar sobre isso.
Ligou o aparelho. Avisara que estava ocupado.
O espelho fora criado porque podia tornar reais as possibilidades, prevendo os lances do futuro. As previsões exigiam cada dia mais eficácia, num mundo caótico.
Ok. Vamos em frente.
Ele entrou no mundo paralelo, ou melhor, tudo apareceu ao seu redor.
Ele liga para o número que o rapaz lhe deu. Ele chega de manhã, logo depois do marido sair.
Eles fazem amor no tapete da sala.
O marido, ao chegar não desconfia de nada.
Ele se sente culpado. Um mês depois, repetem.
Passa a ter medo da sua vida dupla.
Eles fazem amor no tapete da sala. O rapaz o persegue. Um dia, na noite escura, sofrem um assalto e o rapaz é esfaqueado. Ele corre.
Ele liga para o número que o rapaz lhe deu. Fazem amor. Quando liga novamente, não recebe resposta. Foi um sonho.
Ele não liga. Encontra o rapaz na rua. Um dia, na noite escura, encontram um amigo do marido. Foi um sonho.
Ele desliga o aparelho. Sabe que o outro sente sua falta. Mas...
Ele precisa pensar. Ele não quer perder tudo, não pode se conter.
Ele chegaria logo depois do marido sair. Mas, e se...
- Amor, tudo bem?
Ele não se sente seguro. Liga de novo a máquina.
Afonso Jr. Ferreira de Lima
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