O sol ficou maior, depois vermelho.
O menino sonhou que do monte de escombros e fumaça saía uma forma assustadora.
Era um ser cheio de escamas, ele voou através da fumaça, voltou e recolheu na boca um pedaço que achou entre as ruínas.
Um padre cantava com um coro de anjos ali perto.
O menino contou dez fragmentos ósseos.
O monstro subiu com um fêmur.
Tudo havia sido reunido no alto de um prédio.
Uma mulher velha trazia com sua flauta uma fila de crianças - entrando embaixo da igreja, uma caverna.
- Meus cachorrinhos, acreditem no que eu digo, agora e para sempre.
Os jornalistas entregavam seus carros aos torturadores. Movimento estudantil grita palavras de ordem, bombas de gás jogadas das janelas. Sementes apodrecem sob o fogo do olho.
Fumaça, chamas. Bares com corpos, comida, papelão, urina, cores de tecidos nas portas.
Quantas pessoas estavam ali, pessoas que não tinham uma casa?
O padre disse:
- Você está vendo o avestruz ali? Como ele esconde sua cabeça?
Um carneiro foi sacrificado no alto do prédio. Um raio caiu sobre os restos de gente.
Monstro úmido bate suas asas, o reconstruído levanta.
O menino corre para chegar até sua casa.
Afonso Jr Lima
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