"O escuro interior onde nossa visão cria o mundo" - ele lê.
A lei proibia. Mas no poste se via uma notícia sobre amantes do mesmo gênero.
Lembrou dos políticos com a Bíblia combatendo a corrupção na TV. "Temos como objetivo estender Seu ministério a todos os países do mundo".
- O que mais enlouqueceu nossa elite colonial? O juiz rebelde expõe que a lei não é técnica e imparcial, como sempre quis se mostrar, perverteu-se na vontade do mais forte. Ação que expõe sistema jurídico falido, lei como dominação e silenciamento. Mostra que a justiça pode ser mais que arma de uma classe, que não negocia, não debate e não tem limites.
Sua mãe quer orar antes de comer. Sobe para seu quarto e abre um livro. Anota. Adormece. Acorda na madrugada. Lembra há dois anos, quando a Frente Parlamentar Religiosa tinha mais de 90 parlamentares. Um senador disse: "Os conservadores se aproximam dos cristãos por causa do seu potencial, e eles nos procuram por conta das pautas morais". Escreve.
- O juiz contrariou a jurisprudência do 1% que vê a prisão do projeto progressista como fato consumado. A desigualdade não é um problema para nosso herdeiro especialista em concursos públicos. O fato novo é um juiz não achar Lula inimigo político. Em defesa daqueles 200 milhões que não fugirão para Miami e viverão sob uma lei que pertence à nobreza. O imperialismo busca aliados, ora entre os militares, ora entre os juízes.
Ele lê seus cadernos antigos. A polícia pode bater à porta. Já recebeu ameaças pela internet. Vê a polícia na porta e ele tendo de pular a janela.
- Show judiciário para o ignorante militante, o jesus maluco e a polícia com partido seguirem no ódio. Justiça perde legitimidade. Polícia escolhe que juiz e lei cumprir e com quem. Lei para inimigo não vale. Para meus amigos, vale tudo. No Absolutismo pós-Muro em que Justiça é da Nobreza, não precisa Constituição. A dominação de mente de massa e a educação precária quase acabaram com a "opinião pública" para quem era preciso dar resposta. Mas, eu li que há 40 anos, a vitória na eleição derrotou a ditadura.
Marcou com ela no cinema. O grupo estuda em baixo da árvore no cemitério. "Fico chocada quando minha vizinha fala da paternidade responsável como forma de acabar com a pobreza", ela diz. "Acho que o império sempre pensa em levar a civilização", anota a fala do amigo.
- O privilegiado ativista, indiferente à dor do outro. Anti-governo e anti-gay.
Anos de educação precária e tecnicista criaram uma massa sangue nos dentes anticomunista que recria a velha equação do poder: sentimento de superioridade do nobre (pobre é bandido) e de inferioridade do excluído (Deus quer).
Os que ascendiam com esforço e disciplina não queriam o peso de revoltas e debates. Uma festa de queima de livros marcou o aniversário da cidade. O amigo descobre um caderno de um preso político, que conseguiu ser retirado por um padre. Numa noite de estudo em baixo da árvore, eles se beijam.
Afonso Lima
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