Tenho de ir visitá-lo no hospital. recolhido na rua, sangrando, pata emendada, corte profundo, antibiótótico.
No jardim da casa, gritos na noite.
Dormindo em círculo, saudade do irmão.
Nunca procurei o pote grande para água no jardim. Depois que fugiu pelo portão aberto. Quem abriu?
Irmã se vai, pula, quer comida, come pouco.
Agora aqui, lembro do outro.
Mãos dadas, um tubo de soro na sua pata.
Por que escolhi como trabalho olhar tudo face à face?
No jardim da casa, gritos na noite.
Dormindo em círculo, saudade do irmão.
Nunca procurei o pote grande para água no jardim. Depois que fugiu pelo portão aberto. Quem abriu?
Irmã se vai, pula, quer comida, come pouco.
Agora aqui, lembro do outro.
Mãos dadas, um tubo de soro na sua pata.
Por que escolhi como trabalho olhar tudo face à face?
*
A -
"Ele está morto? Ele morreu?" - eu disse. Eu decido sair
daquele lugar. Por que fui parar naquele lugar?
B - Um jardim com uma casa branca. Os pássaros
na rua.
A - EU TRABALHO DEMAIS, EU NÃO PERCEBO QUE
TENHO UM CORPO. Eu estou longe de mim.
B - Aquele animal, preso na casa. Preso dentro
do vidro. Aquele animal tem sede.
A - Eu corro pela rua, as árvores estão cheias
de flores. Eu esqueci algo. Eu esqueci de voltar.
B - A culpa é minha.
A - Eu estava exausto.
B - Eu devia ter procurado mais.
A - Eu pensei, amanhã resolvo isso.
B - Por que não imaginei que lá fora, quem
sabe...
A - Frágil, frágil, frágil.
B - Frágil, frágil, frágil.
A - Frágil, frágil, frágil.
B - Eu enterro o animal no jardim. Vou embora.
#
Uma maldição - ela disse. Veja essa carta. Eles iam te matar, mas eles são nossos protetores, essa é sua missão.
#
eu penso em nós mesmos como gatos, cercados de cães, não nos ajustamos, fazemos sexo com outros gatos, somos sujos, queremos ir no churrasco da família, mas eles pensam, são sujos, esses dentes brancos que só falam de filhos no exterior, de formaturas, de carros, de bebês
eu penso que meu pai não entenderia o que eu fazia naquela casa gótica, não entenderia que eles não podiam entrar na sala
eu penso - vermelho sem respirar penso que não entendeu e quase morreu do coração - mas uma mulher, esse é seu papel
eu preciso vestir certas roupas para ser respeitado, o primo diz, eu entendo, você já viu essa série, nem sei mais o que ele está falando.
#
Escrevendo o poema
No jardim
fincando as patas...
nunca cheguei a /entender-te
luz amarela diagonal
quando inicia /novembro
algumas flores em /cachos/ e o cinza
nós dormíamos abraçados
#
eu penso que meu pai não entenderia o que eu fazia naquela casa gótica, não entenderia que eles não podiam entrar na sala
eu penso - vermelho sem respirar penso que não entendeu e quase morreu do coração - mas uma mulher, esse é seu papel
eu preciso vestir certas roupas para ser respeitado, o primo diz, eu entendo, você já viu essa série, nem sei mais o que ele está falando.
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Escrevendo o poema
No jardim
fincando as patas...
nunca cheguei a /entender-te
luz amarela diagonal
quando inicia /novembro
algumas flores em /cachos/ e o cinza
nós dormíamos abraçados
#
Eu te perdoo. Mas isso adinta pouco, porque
estou morto.
Eu lembro de como nos conhecemos - como foi
mesmo? Já lembro.
Eu fazia um círculo com meus irmãos Palas e
Krisna - Palas Athena, Krisna, Odin: a nega, o malhado, o loro - e nos
lambíamos numa orgia de carinhos. Eu sempre fui o galã da casa, com meus pelos
longos, cada irmão com uma genética. Aristogato.
Lembro quando Palas Athena chegou. Ela não era
muito heroica, uma cópia mais caramelho de mim, cabia na mão.
Uma semana depois, na rua escura, os gritos de Krisna. Atropelado aos dois meses. Ele parecia ter perdido metade da coxa. Você o limpou, injeção todo dia, e não é que os ossos se uniram e a coxa se regenerou? Krisna, gato-lagartixa.
E Palas esperou uma semana e depois entrou (coisinha miúda) entre você e o computador. Lutando pelo seu espaço de bebê.
Dentro do apartamento, eu sempre usava uma coleira, porque quando a janela se abria eu ficava à duas patas da verdaderia vista. Eu fazia bico.
Até que um alemão veio e acabou a escravidão. Era um ativista.
Uma semana depois, na rua escura, os gritos de Krisna. Atropelado aos dois meses. Ele parecia ter perdido metade da coxa. Você o limpou, injeção todo dia, e não é que os ossos se uniram e a coxa se regenerou? Krisna, gato-lagartixa.
E Palas esperou uma semana e depois entrou (coisinha miúda) entre você e o computador. Lutando pelo seu espaço de bebê.
Dentro do apartamento, eu sempre usava uma coleira, porque quando a janela se abria eu ficava à duas patas da verdaderia vista. Eu fazia bico.
Até que um alemão veio e acabou a escravidão. Era um ativista.
Eu te olhei com muito ódio naquela noite em
que fiquei dentro da caixa de vidro. Você não entendeu.
Apesar disso passamos bons momentos juntos.
Talvez, se existe isso de que nossa missão é morrer pelo nosso líder, eu seja o
verdadeiro heroi.
Odin. #
metrô lotado
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cama
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뎌 랴벼댜 2 ㅡㅑㅜㅕ샌 ㅡㅐㄱ새
Eu morri por
2 minutos.
Eu tive um
ataque cardíaco. Estava no festival coreano, pintando seda.
Onde iriam
meus livros? Meus gatos?
Não quero
morrer de novo.
#
Agora aqui, lembro do outro. Foi bem na cirurgia.
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Agora aqui, lembro do outro. Foi bem na cirurgia.
Afonso Jr Lima
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