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quinta-feira, abril 16, 2020

A dama de vermelho

Ela fez o cadastro e mostrou o passaporte no cybercafé. Estava muito nervosa. O relógio na parede marcava 4 da manhã. Olhou para sua roupa. Saíra da casa sem pensar muito na roupa que vestia, celular no bolso.

Seu marido a tinha convidado para sua festa de aniversário. Estavam afastados há dois meses, ela saíra do país. Ela sorriu para as duas moças bonitas que vieram. "Ela não faria isso", pensou.

Será que fazer um escândalo contra um militar seria considerado desafiar o controle, o que significa ir para a prisão ou algo pior?

Ele disse que uma das moças iria dormir na sala. Ela subiu para o quartinho do segundo andar.
No meio da noite, uma música a acordou. Tentou ficar na cama. Não conseguiu.

Abriu a porta e desceu. Não havia uma moça no sofá.

Será que acreditariam nela? Começou a mandar enviar a foto.

Os exilados estavam sendo convidados a voltar.
Os militares criaram conflitos para se manter no poder.
Todos os jornalistas, políticos e ativistas que questionaram o governo foram presos ou desapareceram. Foram fechados os meios de comunicação que criticaram sua política.

Ficava impressionada porque as pessoas não protestavam. Todos tinham medo dos castigos coletivos.

Entrou no cybercafé uma dama de vermelho, muito velha, elegante. Um homem vestido de branco, também velho, sentou ao seu lado.

- Fomos nós que fizemos você ver isso. Eu sou a comandante da operação. Sou a Dama de Ferro. 
Este é o Ator, meu amigo. Um psicopata.

Ela ficou muda.
- Você viu sobre a cama uma espécie de lagarto deitado com uma mulher. Não é um réptil. é a forma que tomam alguns demônios. Eu aceitei a missão porque estava cansada do trabalho forçado,
do confinamento solitário, do silencio e castigos físicos.

- Esses demônios têm de ser substituídos. Você será a nova presidente.

Afonso Jr Lima

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