O primeiro caso ocorreu numa rua mal iluminada, era uma garota de 14 anos que chegava da escola.
A polícia trabalhou com a hipótese de estupro seguido de morte, era um bairro no qual o desemprego era grande.
Um mês depois uma mulher foi encontrada morta num parque ao lado de um hospital. A imprensa passou a cobrir o caso, tratava-se de uma professora.
Os policiais tinham várias linhas de investigação - tentavam criar uma personalidade para o assassino, tentavam criar algum nexo entre as vítimas.
Um homem foi assassinado em seu apartamento num bairro nobre da cidade - as mesmas características, o mesmo golpe, as marcas de violência no pescoço.
Surgiram múltiplas denúncias de ataques semelhantes - mas a polícia trabalhava com a hipótese de um assassino em série com compulsão sexual, ia eliminando as informações indesejáveis.
Passaram a fazer reuniões todas as manhãs, cada dia surgiam mais e mais teorias, suspeitos, interrogatórios, arquivos.
Um policial entrou na sala de reunião cortando a fala do inspetor-chefe:
- Mais dois casos, senhor!
Logo, estavam surgindo dez casos por dia.
Havia muito trabalho, mas caminhavam num pântano de discussões.
O prefeito passou a fazer reuniões todas as manhãs, logo, o governador, logo, a presidenta.
- É invisível? É um serial killer ou um fantasma? - ela dizia observando as centenas de pontos no mapa da cidade.
Novas áreas foram redirecionadas para o trabalho noturno dos coveiros.
Em um ano, mais de três mil pessoas estavam morrendo por dia.
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Afonso Jr Lima.
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