Páginas

Ajude a manter esse blog

segunda-feira, abril 19, 2021

Um assassino em série

O primeiro caso ocorreu numa rua mal iluminada, era uma garota de 14 anos que chegava da escola. 

A polícia trabalhou com a hipótese de estupro seguido de morte, era um bairro no qual o desemprego era grande. 

Um mês depois uma mulher foi encontrada morta num parque ao lado de um hospital. A imprensa passou a cobrir o caso, tratava-se de uma professora. 

Os policiais tinham várias linhas de investigação - tentavam criar uma personalidade para o assassino, tentavam criar algum nexo entre as vítimas.

Um homem foi assassinado em seu apartamento num bairro nobre da cidade - as mesmas características, o mesmo golpe, as marcas de violência no pescoço. 

Surgiram múltiplas denúncias de ataques semelhantes - mas a polícia trabalhava com a hipótese de um assassino em série com compulsão sexual, ia eliminando as informações indesejáveis. 

Passaram a fazer reuniões todas as manhãs, cada dia surgiam mais e mais teorias, suspeitos, interrogatórios, arquivos. 

Um policial entrou na sala de reunião cortando a fala do inspetor-chefe:

- Mais dois casos, senhor! 

Logo, estavam surgindo dez casos por dia. 

Havia muito trabalho, mas caminhavam num pântano de discussões.   

O prefeito passou a fazer reuniões todas as manhãs, logo, o governador, logo, a presidenta. 

- É invisível? É um serial killer ou um fantasma? - ela dizia observando as centenas de pontos no mapa da cidade. 

Novas áreas foram redirecionadas para o trabalho noturno dos coveiros. 

Em um ano, mais de três mil pessoas estavam morrendo por dia. 

*

Afonso Jr Lima. 

Nenhum comentário: