Rita Hayworth estava estreando seu novo filme. Rubens lançava sua novo game.
Era quase Dia da Edição, quando você podia rever seu ano e ficar com os melhores momentos. Nessa festa, na qual cada casa tinha sua árvore de luz, era realizada uma cerimônia criando um avatar para um "real" capturado recentemente. O discurso do Presidente do Conselho contava do mundo horrível antes da duplicação.
As pessoas tinham no máximo 17 anos. Quando chegavam aos 18, O Ano de Despedida, a memória era atualizada, ficando apenas 30% do registro. Era o necessário para programar, vender e comprar. Pelo eixo dos olhos duplicados se sabia o desejo. O sequenciamento também era obrigatório para viver em VIDA. Foi o fim das cirurgias plásticas.
O projeto VIDA começou como uma forma de evitar as moldagens negativas de ambientes corruptos.
Dentro de VIDA, tudo era decidido pelo Conselho Técnico.
Era possível evitar cruzar com pessoas cujo perfil não era desejado. Alguns encontros eram evitados para que não surgissem filhos imperfeitos. Além dos militares que aprisionavam "reais", grupos fascistas os perseguiam e executavam.
O material genético do organismo estava recebendo uma informação nova: formou-se na Praça Central, de onde era transmitida a cerimônia para milhões de casas duplicadas, um rosto monstruoso, totalmente imprevisto e não selecionado.
Imagens de um grupo de "reais" com o rosto borrado.
- Aquele seu amigo não voltou mais para o escritório virtual de VIDA? Sua ex-mulher desapareceu? Você nunca saberá porque eles foram apagados no mundo UM. Você está desconectado. O que eles estão fazendo é desaparecer com os DNAs que não se adaptam às suas expectativas. A meta é a perfeição.
O monstro falou sobre o projeto de melhoria da humanidade pela empresa.
Tentaram criar uma Atualização - houve uma queda do organismo. As memórias de décadas foram recuperadas. Gritos na cidade. Milhões de pessoas desorientadas recebendo luz do sol no rosto.
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Afonso Jr. Lima
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