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segunda-feira, dezembro 23, 2024

A Faixa da Patagônia

Os reféns israelsks foram fotografados algemados e encapuzados. 

Mais de 100 crianças argentinas foram resgatadas dos escombros da zona sitiada da Patagônia. 

Um jornalista argentino, na Faixa da Patagônia, falava para a TV americana ao vivo ao telefone, quando sua casa tremeu e teve de sair com seus filhos. 

O primeiro-ministro israelsk ordenou "extermínio total" em resposta aos ataques. 

"Os argentinos são animais". 

Um famoso jornalista judeu manifestou-se na Marcha contra o Terrorismo e o Extermínio:

"Se, em 1967, Israel não tivesse ocupado as terras que a ONU definira que seriam ainda da Argentina, e, recentemente, os colonos em Jujuy, nada disso estaria ocorrendo". 

Alguns lembraram o manifesto de 2018, no qual um ministro havia dito que os territórios argentinos ocupados deveriam ser anexados e que os argentinos que não aceitassem viver no novo estado deveriam ser expulsos.

Uma senhora judia questionava as autoridades numa manifestação no centro de Buenos Aires:


- Sabemos que conselheiros judeus enviaram um comunicado em 1896 quando analisavam a região da Palestina: "A noiva é bela, mas já casada". Nós acabamos na Argentina! Cercados de terroristas!


O imperialismo europeu sonhava com um país cristão no Oriente Médio. O czarismo criara o antissemitismo como política de estado, leis impediam circulação, posse de terra, e os massacres seguiam na Rússia. 


O movimento se alinhara à cúpula britânica, mas seu líder afirmou:

"Precisamos de um estado em que sejamos maioria. Na Palestina, seremos rapidamente assimilados. Nunca nos deram a terra, por isso nos consideram escravos. No sul da América há terra, seremos trabalhadores. A Argentina não tem mais povos nativos". 


O então ministro britânico das Relações Exteriores, Arthur Balfour assinou em 2 de novembro de 1917 uma carta enviada a Wagner Rothschild, um dos principais proponentes do Sionismo, na qual apoia "o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Argentina". Fazia a ressalva de que nada deveria "prejudicar os direitos civis e religiosos de comunidades não-judias que já estavam ali", mas considerava os argentinos uma minoria enquanto eles eram mais de 95% da população. 


Nos primórdios da colonização, a propaganda estatal mostrava os argentinos como um povo pouco trabalhador, que havia deixado a terra abandonada. Era o "novo homem imigrante" quem colocaria esse  país na modernidade através da produção agrícola dos trabalhadores. Desde o começo foram favorecidas colônias coletivistas e não as propriedades agrícolas capitalistas, que usavam mão-de-obra argentina. Colônias exclusivamente judaicas. Um projeto de Estado segregacionista. 


Na universidade, estudantes debatiam que o Parlamento estava tentando mudar o regime, que o fundamentalismo estava tomando conta do governo, que o primeiro ministro queria encobrir sua corrupção. Uma jovem falou:


"Quando trouxemos Deus, criamos nosso direito à terra. Nosso Estado diferencia educação, moradia, cargos para os que são considerados superiores. Argentinos estão fora. Nosso país será uma teocracia?" 

A TV entrevistou na Marcha uma moça que levava uma faixa com a foto de um menino patagônico:

"Quando o ônibus em que ele estava incendiou, houve pessoas comemorando pela internet. Um argentino a menos para nos atacar, diziam". 

A Patagônia tem sido alvo de foguetes e mísseis, mas uma invasão por terra está chegando. 

Na manifestação na Plaza de Mayo dos argentinos que vivem dentro de Buenos Aires, falou seu líder, Pepe Hernandez:

"São dois milhões de civis espremidos nessa faixa de terra, campo-de concentração, é o único projeto colonial do século XIX que permanece ativo. A violência apenas vai incendiar os grupos radicais". 

Um correspondente da TV israelsk contou que uma grande amiga sua, ativista contra a ocupação, foi assassinada pelos terroristas argentinos logo após conversarem por telefone. "Inocentes morrem nos dois lados". 

AJr


sábado, dezembro 21, 2024

domingo, dezembro 08, 2024

Aurora

O que era letra

o que era história

gritando por liberdade

na pedra em pedaços

rio de sangue 

o que crescia

o que dormia 

respirando o rosto macio

em letras sem laços

barulho e silêncio

pedaços 

o que era todos

o que era acordo

fogo inclemente 

Aurora da letra

nasce a história

gritando por liberdade

AJR





 

sábado, dezembro 07, 2024

domingo, dezembro 01, 2024

A Ilha congelada

A Ilha de Manhattan foi congelada por um fenômeno atmosférico desconhecido.

Os equipamentos não detectaram nenhuma forma de vida. 

O prefeito, uma inteligência multidimensional, foi responsabilizado. 

Alguns testes haviam sido feitos com micro-robôs para impedir que chuvas torrenciais caíssem sobre a cidade, depois que inúmeras tempestades demonstraram a insuficiência crônica da drenagem urbana. 

O único detetive enviado até o local é um especialista em neurociência robótica. Ele confirmou que todos os seus habitantes morreram. O que se chamou "habitantes". 

Não havia pessoas de outros estados, depois que a Lei dos Cidadãos foi promulgada, lei que gerou a expulsão de quem não havia nascido na cidade.

O grupo dos herois passou a ser ilegal - agiam nas trevas e sabotavam os centros de inteligência robô. 

As Plantas-AI iniciaram uma série de protestos contra os "orgânicos", condenando a cultura do carbono que havia infestado os ares e aquecido as massas de água. 

Condenaram especificamente os poucos políticos humanos por "alucinar" constantemente.

Ativistas robôs começaram a propor colônias de trabalho além da fronteira, já que os humanos haviam sido abandonados pelos seus próprios governantes e as empresas preferiam máquinas. 

Uma "revitalização da linguagem" foi proposta quando cientistas robôs perceberam que os humanos haviam perdido muito do seu vocabulário no que ficou conhecido como "algoritmização". 

Na Câmara, se aprovou um decreto de que apenas cidadãos nascidos após 2025 seriam de fato "insulares puros". Com isso, todas as formas orgânicas humanoides tiveram de sair. 

As crianças acabaram sendo escravizadas. 

O detetive imaginou se o grande evento teria sido planejado pelos herois. 

Ele encontra o símbolo de uma máscara por todas as partes. Aviso dos terroristas?

Nos escritórios do prefeito, as fotos dos herois - estavam sendo monitorados. 

O detetive caminha pelo cemitério com mais de dois metros de neve. 

Algumas batalhas haviam sido travadas nas fronteiras. 

Alguma substância usada em um duelo poderia ter causado isso?

- Suba na nossa nave - a voz vem de um brilho intenso. 

Afonso Lima


quinta-feira, novembro 28, 2024

Chapeuzinho na noite escura

Vovozinha ia pelo caminho da floresta e foi ameaçada pelo Lobo. Nasceu Chapeuzinho, e seu nome passou a ser avó. Um dia, o Lobo comeu Chapeuzinho e vomitou suas partes. Vovó costurou tudo e, ela seguiu ajudando na casa. Vovó não queria aulas para ela. O Lobo foi no Congresso e conseguiu uma lei para permitir vender os filhos que produzisse. Vovó foi parar num baú, e Chapeuzinho teve de vestir branco.

AJR 

domingo, novembro 24, 2024

Filme - Nunca Mais

O que sabemos sobre a ditadura civil-militar de 1964 a 1985? A peça usa uma linguagem contemporânea para expor histórias, informações e reflexões sobre o período.



 

sexta-feira, novembro 22, 2024

sábado, novembro 16, 2024

Aquele rosto

Chovia. Estávamos exaustos, com nossas lanças e revólveres. Mesmo assim, corríamos na mata atrás dele.

Ele parecia ter entrado em uma caverna.

O passado rugia com ecos assustadores, hesitamos um pouco, alguém tinha uma lanterna. 

As paredes da caverna eram como uma pele muito antiga, que coisas haveria nesse lugar fora do tempo?

O passado seguia com seus estranhos gritos, nós nos sentíamos perdidos, mas avançávamos, perdidos também com os odores que não sabíamos de fato esclarecer. 

Aquele ambiente nos esmagava, nossas certezas viravam pó e eram levadas no vento. 

Por fim, ficamos frente a frente com uma sombra gigantesca, e dois dos nossos homens petrificaram-se como estátuas. 

Atiramos contra o monstro, ele avançou contra nós, corremos, nossos gritos ecoaram por todos os cantos desse oco no tempo.

Finalmente saíamos da caverna, transtornados, exaustos, correndo ainda, tínhamos perdido companheiros.

O passado permaneceu em nossas mentes, foram meses no sanatório para que nossa linguagem fizesse sentido. 

Nunca esquecerei o rosto do passado.

Afonso Lima

sábado, novembro 09, 2024

Live: O Sacro Império Romano-Germânico


 

Traduzindo - Shakespeare - Soneto 29

Quando, em desgraça com a fortuna e aos olhos amigos, 

Meu caminho eu choro de homem sozinho,

E perturbo o surdo céu com meus inúteis gritos, 

E olho para mim mesmo e amaldiçoo meu destino, 

Desejando ser mais rico em esperança 

Talhado como ele, como ele cercado de gente 

Desejando deste a arte, daquele a bonança

Com o que mais aprecio menos contente; 

No entanto, nesses pensamentos, quase submergindo, 

Talvez eu pense em ti, no sorriso que me deste 

(Como a cotovia ao amanhecer surgindo 

Da terra sombria) que canta hinos no portão celeste; 

    Quanta riqueza tenho, teu doce amor lembrado

    Com reis a troca desdenho de estado


*

When, in disgrace with fortune and men’s eyes, 

I all alone beweep my outcast state,

And trouble deaf heaven with my bootless cries, 

And look upon myself and curse my fate, 

Wishing me like to one more rich in hope, 

Featured like him, like him with friends possessed, 

Desiring this man’s art and that man’s scope, 

With what I most enjoy contented least; 

Yet in these thoughts myself almost despising, 

Haply I think on thee, and then my state, 

(Like to the lark at break of day arising 

From sullen earth) sings hymns at heaven’s gate; 

       For thy sweet love remembered such wealth brings 

       That then I scorn to change my state with kings.

(Sonetos, 1609)

domingo, outubro 27, 2024

sábado, outubro 26, 2024

Un muchacho de los 70 - Francisco Bustamante


Un muchacho de los 70 - 

Francisco Bustamante - (UDELAR -Uruguai)


Quise conocer a Mariana Zaffaroni Islas, la ex desaparecida hija de uruguayos desaparecidos en Argentina durante la Dictadura Militar que recuperó su identidad. Quise contarle un par de instantes que evoco de su padre, Jorge Zaffaroni Castilla. Así que fui a la presentación de su libro Los nietos cuentan cómo fue. Historias de identidad. Para variar llegué tarde y no encontré otro asiento que en la primera fila donde pude observar bien de cerca a Mariana. 

Descubrí que sus ojos inmortalizados en un afiche y en un documental que llamaban a luchar por su retorno, eran los mismos de su abuela Esther Gatti, una mujer de hierro que fue de las primeras en acercarse al Serpaj. Aunque venía cansada de dar clases de Geografía en un liceo lejano, no descansó nunca buscando a su nieta, hija, yerno y a todos los desaparecidos uruguayos en una y otra orilla del río.

Reconocí la voz ronca y los movimientos de las manos de su padre. A Jorge lo conocí hace más de medio siglo, militamos juntos, él en el liceo 15 de Carrasco, yo en el 20 de Punta Gorda. Formábamos con otros como nosotros la Liga de Estudiantes Revolucionarios. Era un muchacho brillante, seductor, locuaz, gracioso, nos encontrábamos en la casa de unas amigas comunes compañeras liceales mías, en una hamaca a la sombra de un pino, creo que lo oí tocar la guitarra.

         Los recuerdos que atesoré son éstos. El primero es de enero de 1971, el país estaba convulsionado, los tupamaros habían secuestrado al cónsul británico Geoffrey Jackson. Con enorme despliegue de soldados se rastrillaba Montevideo en su búsqueda. Piso por piso, pieza por pieza escarbaron en el Hospital de Clínicas, por ejemplo. 

       Mientras tanto, estalló un conflicto sindical, los obreros del diario BP Color ocuparon sus talleres y lanzaban sus demandas. A nosotros, liceales, se nos convocó en la Facultad de Veterinaria. para una “medida”. Así le llamábamos a alguna acción de agitación callejera, podría ser un peaje, una volanteada, una manifestación relámpago. En esta ocasión fue lanzar bombas de alquitrán contra la fachada del diario El Día, se acusaba a los otros diarios de beneficiarse del conflicto porque aumentaban sus ventas.

        Estábamos reunidos en uno de los “bulines”, como se llamaba a los ranchos a los fondos de la facultad donde los estudiantes estudiaban, tomaban mate y guitarreaban. Antes de darnos las coordenadas de la “medida” un obrero del BP Color expuso el origen y evolución del conflicto. 

        De repente, Jorge Zaffaroni levantó la mano y le comentó: “Eso último que tú decís no es exactamente así sino de ésta manera”. Todos lo miramos estupefactos, se precisaba mucho coraje para decir eso, Jorge se explicó: “Lo sé porque tengo unas relaciones familiares con el dueño”. ¿Cómo un imberbe cajetilla de Carrasco se podía atrever a enmendarle la plana a un obrero? Por más cordialidad y naturalidad con que lo hizo era imperdonable disentir con el miembro de una clase que encarnaba al “hombre nuevo”. 

    Pero Jorge era así, franco, espontáneo, parecía no dudar nunca en opinar. Otro hecho que guardo se ubica en el terrible invierno de 1972, no por el clima si no por la implacable represión a la izquierda radical que enviaba a diario a unos cuantos conocidos a la cárcel, la clandestinidad, el exilio y hasta la muerte. 

Nos cobijábamos para hacer nuestras cosas en la Facultad de Arquitectura, donde estábamos unos pocos charlando informalmente en el hall de entrada, frente a una cartelera. De pronto, entró Jorge, nos esquivó y con mirada burlona escribió en la cartelera: “Caca, pichí, culo, mucho olor” y se alejó con una carcajada. Durante años he buscado interpretar aquella ecuación aparentemente tan irracional.

 Hoy se me ocurre pensar que Jorge nos quiso aterrizar y recordarnos que por serios que fueran los asuntos que teníamos entre manos, al fin y al cabo, también éramos jóvenes y a nuestra existencia no podía faltarle la risa, la broma, el absurdo alegre y pulsional. 

Éramos adolescentes adustos, quizá comentando algún episodio de la Revolución Rusa o un pasaje de Lenin o de Trotsky, y viene uno como nosotros, comprometido y activo como el que más y nos indica que no se podía ser bolchevique las 24 horas, que aún había sitio para la risa y la distensión. 

Quizá sea un delirio lo que digo pero pienso que la tendencia posterior a idealizar y convertir en héroes a desaparecidos y víctimas del terrorismo de estado, no puede soslayar que también fueron seres humanos como lo somos todos.

Si esas víctimas no hubieran sido tan humanos como nosotros, sería admisible consagrarlos a una esfera de la admiración y el culto sin sostener un firme reclamo de memoria, verdad y justicia.

---o0o---

panchobustamante@gmail.com -

Montevideo, 26/X/2024.

quinta-feira, outubro 24, 2024

segunda-feira, outubro 07, 2024

As doze chamas

Eles removem os blocos de pedra. A lua está quebrada. Tentaram arrancar as raízes.

Doze chamas ao redor das doze ruínas, mil almas em cada uma.

- Quando enterrarão nossos ossos?, chora um homem.

Quando o mar dos mortos levanta, os deuses invisíveis silenciam.

Eles contam sobre as explosões. A menina sem dedos canta baixinho.

Sobreviventes atacam, a memória fabrica silêncio. 

Grotesco colonial. 

As ondas sustentam remessas de armas, o combustível no ar.

- Eles precisam de um reino forte na zona, um fantasma jovem diz.

A velha senhora conta dos milhares de mortos do começo.

- Nós sempre fomos sombras, eles nos chamam de baratas. A assembleia do norte decidiu, fomos expulsos, os vilarejos destruídos. Aqui viviam todos os povos. As escolas ensinam a odiar. 

As doze chamas e as doze mil almas observam a estrela grande.

Sob os blocos de pedra, alguns não querem sair, algumas choram em silêncio.

Os deuses invisíveis silenciam.

Abandono do mundo.

AJR
 




sábado, outubro 05, 2024

sexta-feira, setembro 27, 2024

sábado, setembro 21, 2024

quarta-feira, setembro 04, 2024

quarta-feira, agosto 07, 2024

quarta-feira, julho 10, 2024

Manifesto antip3nis-v4ginista

Precisamos questionar o amor entre hét3ros.

Queremos que hét3ros se beijem pelas ruas, na televisão?
Incentivar relações entre hét3ros vai corromper nossas crianças.
Hét3ros reproduzem, não é um modo adequado de viver.
Hét3ros vão formar nossos filhos e impor sua agenda.
Apoiados numa leitura fundamentalista da Beeblia, vão impedir a liberdade de escolha de nossos filhos.
Nossos filhos, assistindo suas práticas em público, vão ter de
pensar em como são feitas as crianças, o que os vai perturbar. Por que tantos p3nis-v4ginistas, se são quase onipresentes na natureza - quase. 
Temos as esponjas não binárias e comediantes.

A forma como uma pessoa se veste, faz sua maquiagem ou mesmo age entre quatro paredes deveria importar à todos - guerras começaram por causa disso.

Tantas doenças começaram com a heteronormatividade.
Se deixarmos o p3nis-v4ginismo tomar conta da televisão e da universidade, toda a sociedade corre perigo.
O p3nis-vaginismus carrega em si o ódio à diversidade, por isso devia ser proibido. Será que os hét3ros - com sua agenda militante - podem mesmo criar filhos como eles?

Será que os binários podem usar banheiros do ódio e filas do ódio que excluem pessoas diferentes? P3nis-vaginismus leva aos banheiros binários. Se os homens hét3ros estiverem sem dinheiro podem ameaçar a integridade de mulheres trans.

Será que devem servir ao exército, à polícia?

A propaganda do p3nis-vaginismus adoeceu mais de uma geração, assim que não deveriam fazer marchas em público, nem mesmo cartazes propagando seus costumes, sob pena de adiantarmos o Apocalipse. Se querem p3nis-vaginismus, que pelo menos não se mostrem à luz do dia.  

Quando todos tiverem medo, vamos ter o poder.

Pela proibição da propaganda p3nis-v4ginista!

https://afonsojunior.blogspot.com/2024/07/anti-penis-vaginist-manifesto.html

segunda-feira, julho 08, 2024

Anti-penis-vaginist manifesto


We need to question love between straight people.

Do we want straight people to kiss in the streets, on television?

Encouraging straight relationships will corrupt our children.

Straight people reproduce, it's not a proper way to live.

Straight people will raise our children and impose their agenda.

Supported by a fundamentalist reading of the Bible, they will impede our children's freedom of choice.

Our children, watching their practices in public, will have to think about how children are made, what will disturb them. Why so many penis-vaginists, if they are almost ubiquitous in nature - almost.

We have the non-binary sponges and comedians.

The way a person dresses, does their makeup or even acts behind closed doors should matter to everyone - wars have started because of it.

So many illnesses started with heteronormativity.

If we let penis-vaginismus take over television and universities, the whole of society is in danger.

Penis-vaginismus carries with it hatred of diversity, which is why it should be prohibited. Should straight people - with their militant agenda - really raise children like them?

Can binary people use hate bathrooms and hate lines that exclude people who are different? Penis-vaginismus leads to binary toilets. If straight men are broke, they can threaten the integrity of trans women.

Should they serve in the army, the police?

The propaganda of penis-vaginismus sickened more than a generation, so they should not hold marches in public, not even posters propagating their customs, otherwise we risk bringing forward the Apocalypse. If they want penis-vaginismus, at least they don't show it in daylight.

When everyone is afraid, we will have the power.

For the prohibition of penis-vaginist propaganda!


sexta-feira, junho 21, 2024

sábado, maio 11, 2024

Comunicação no RS: o monopólio que gera o caos (cenas de uma catástrofe política)

Os relatos foram contínuos desde sábado:

"Eles saíram de casa só com a roupa do corpo."

"Minha família está desalojada. Meus pais foram levados para a fábrica da Toyota. Minha irmã, não consegui falar com ela."

"Tudo maluco, água chegando na nossa praça, a saída da rua, tem de sair de ré. Em casa sem água e sem luz".

“A roupa está na churrasqueira. Parece que uma bomba explodiu lá em casa”.

“Jamais esquecerei o rosto do bombeiro que me retirou daquele sofrimento”.

"No (bairro) Menino Deus, teve de tirar as pessoas de casa. Meu colega que me abrigou no primeiro dia, embora não tenha perigo de entrar água, está no centro, supermercado sem luz, só aceita dinheiro, ele ficando sem água, pegou uma muda de roupa com a família e foi pra casa da sogra."

"Coisa horrível o que estamos passando. A prima, entrou água na casa dela 2 vezes. A primeira vez 32cm e a segunda 60 cm. Continua tudo embaixo de água. Sem previsão de voltar para casa."

No meio da tempestade, buscamos informações na rádio Gaúcha, da RBS, filiada da Globo de Porto Alegre. Programação contínua, bons repórteres, tudo muito profissional. Mas com o tempo, algo começa a me incomodar. O que falta nessa cobertura? Responsabilidades, leis mudadas, como a sociedade civil foi barrada pelo poder público agora à serviço dos empresários.

Senão, vejamos...

2023 - "Parece que tudo está à venda... estão sendo esvaziadas todas as formas de controle social" - Gerson Almeida, Sociólogo, ex-secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre (Brasil de Fato - 17 de julho de 2023).

2021 – Na visão da coordenadora do Instituto Mira-Serra [na gestão Eduardo Leite], tem havido um “tratoraço” no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) (Sul 21 - novembro de 2021).

2017 - Extinção da Secretaria Municipal do Meio Ambiente pelo prefeito de Porto Alegre Marchezan Jr. (MBL/PSDB)
2016 - Marcel van Hattem e outros votaram pelo fim da fundação Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) responsável pelo planejamento integrado da região com mais de 4 milhões de pessoas – (Sul 21 -dezembro de 2016)

2016 - Governo Sartori - "Infelizmente, nos últimos tempos as pautas ambientais quando tramitam nos parlamentos estadual e federal, vêm no sentido de retirar proteção ambiental e sugerir facilidades que fragilizam a proteção do meio ambiente". (Sul 21 - 29 de fevereiro de 2016)

Ainda, segundo o professor da UFRGS, Rualdo Menegat, o ex-prefeito Marchezan Júnior, acabou com educação ambiental e de prevenção nas escolas, os Laboratórios de Inteligência do Ambiente Urbano (LIAU).

Lembrei do tuíte clássico do jornalista Adriano Marcello (@a_marcellos), de 2023, em que resumiu o buraco em que a cidade caiu:

“Porto Alegre teve quatro prefeitos do PT que revolucionaram e colocaram a cidade no mapa do mundo. Todos acompanhados de intensa oposição da RBS, afiliada da Rede Globo. Finalmente, derrotaram o PT e se iniciou o processo de decadência política e cultural...”


Um empresário cede espaço para o centro de distribuição de alimentos (CEASA). Mas, no outro dia, são minutos intermináveis do seu presidente. Pôxa!, penso, é bem o momento para a RBS fazer propaganda de farmácia com a "Ação João popular" - pessoas seguem sem comida em cidades como Canoas e Guaíba. Pessoas foram “abrigadas” ao relento na rodovia em Eldorado do Sul, por ser o único lugar seco, onde não havia alimento algum. Foi também essa cobertura que trouxe o modelo econômico do abandono bolsonarista.

Com o agro militante para tomar o poder e mudar leis, a mídia corporativa local, um mar de fake news, foi uma década de farra neoliberal no RS sem olhar para a ciência ou assistência social. Agora, a RBS denuncia que os moradores de rua estão "roubando comida".

O que é difícil de explicar fora do estado é o monopólio do pensamento. Melo e Leite avançaram pauta de destruição sem correção do grupo RBS. A cobertura de caraMelo que a ZH colocou sobre o prefeito brucutu deixou passar o abandono completo da capital.

Ana Amélia (jornalista RBS e Senadora)  com integrantes do MBL em 2018

Um amigo relata:

"O que eu noto em Porto Alegre é muita sujeira e abandono da prefeitura, coisas começadas sem fazer... e muitos ratos... claro pela sujeira".

Bolsonaristas falam muito em segurança. Mas como prevenção não dá dinheiro, não tem protocolos e investimento. Resultado?

“O centro de Porto Alegre tá todo saqueado. Farmácia, supermercado, loja, mercado público, tudo” (Metrópolis - 08 de maio de 2024).

Toda a indignação contra a "corrupção" deu em propostas de destruição e no fim de políticas protetivas pela bancada ruralista para expansão predatória.

A expansão da soja e a retirada de ecossistemas que podiam minimizar as inundações – chegando ao modelo agro-exportador concentrado criado pela ditadura – são o pano de fundo.

Exemplos não faltam:

"Parecer do deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) legaliza os desmatamentos antigos de toda vegetação 'predominantemente não florestal' do país inteiro e permite seu desmatamento de agora em diante, de forma automática." (Instituto Socioambiental- 20 de Março de 2024)

Mas a política abandono-venda dominou os últimos anos, como ocorreu com o Departamento Municipal de Água e Esgoto. Segundo o diretor do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Edson Zomar de Oliveira:

“A solução não é privatizar porque o problema não é ser uma autarquia pública. O problema é a falta de investimentos no DMAE. Desde 2017, nós temos tentativas de privatização. E nós temos ataques à autonomia da instituição, já que todas as decisões passaram a depender da administração centralizada. Além de um sucateamento da empresa, sem a reposição de funcionários há anos” (Sul21 - janeiro de 2022).

A cidade pioneira no ambientalismo, com a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, criada em 27 de abril de 1971, agora não tem caminhões-pipa e vê uma guerra da água nos supermercados...

Por que 56,35% dos gaúchos votaram no projeto de destruição?


(Patrocínio anunciando prisões - Luis Ernesto Zottis - Ex-Secretário da Segurança Municipal de POA)

Se Vargas teve uma Rádio Nacional e a ditadura empresarial-militar teve a Globo e a Folha, não há alternativa de comunicação de massa no Rio Grande. Importante pensar na comunicação que elegeu esse desastre. Rádios só evangélicas e do agro. Redes sociais sem regulamentação; para o celular, fábricas de mentiras que redirecionam a indignação para alvos falsos - minorias, mulheres, imigrantes, pobres. Vemos agora uma enxurrada de coronéis, empresários, militares dando palestra na rádio Gaúcha.

O prefeito Melo, totalmente perdido, em coletiva hoje (09/05): “O que deveria ter sido feito lá atrás?”, pergunta.

No Sul 21:

“Quem mais aprova projetos imobiliários também está entre os maiores doadores da campanha de Sebastião Melo (MDB) à Prefeitura de Porto Alegre em 2020... Nos últimos anos, esse seleto grupo de empresários conseguiu o que ninguém havia conseguido antes em Porto Alegre: derrubar as leis urbanísticas e ambientais que impediam a construção de grandes empreendimentos na orla do Guaíba, ajustar a legislação municipal tantas vezes quanto necessárias para caber nos seus interesses...” (Sul 21 - 7 de novembro de 2023)

No meio de tanto caos, eu reverencio o jornalista PG, que teve coragem de cobrar responsabilidades na rádio. Os portões vazavam, é preciso investir em manutenção, esclarece o entrevistado.

É como se vivêssemos um neocolonialismo urbano, com toque de supremacia branca e coronelismo, em que os seres humanos são insumos para o lucro, votos a serem mobilizados com o medo da violência e o pânico moral. E a comunicação é um dos problemas.

 Afonso Lima,

Doutorando UnB.

***

https://sul21.com.br/especiais/como-um-restrito-grupo-de-empresarios-mudou-a-logica-do-planejamento-urbano-de-porto-alegre/

https://twitter.com/a_marcellos/status/1628744575723397120

https://www.metropoles.com/brasil/saques-e-violencia-ampliam-drama-no-rs-e-forca-nacional-e-convocada

https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/camara-aprova-projeto-que-permite-devastar-area-de-campos-nativos-do

https://www.ufrgs.br/jornal/a-questao-metropolitana-e-o-fim-da-metroplan/

https://sul21.com.br/ultimas-noticias-politica-areazero-2/2016/12/confira-como-votou-cada-deputado-no-projeto-que-extinguiu-6-fundacoes-estaduais/

https://sul21.com.br/ultimas-noticias-geral-areazero-2/2017/01/esvaziamento-da-smam-faz-parte-de-contexto-nacional-de-ataques-ao-meio-ambiente-diz-ex-secretario/

https://lula.com.br/combate-ao-desmatamento-legado-de-lula-e-plano-de-governo-de-haddad-e-manu/

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/617289-porto-alegre-e-uma-cidade-ambientalmente-abandonada-entrevista-com-rualdo-menegat

https://www.brasildefators.com.br/2023/07/17/artigo-melo-o-prefeito-que-nao-gosta-de-porto-alegre

https://sul21.com.br/noticias/meio-ambiente/2021/11/autolicenciamento-ambiental-no-rs-biologa-critica-tratoraco-no-conselho-estadual-do-meio-ambiente/

 


domingo, maio 05, 2024

GGN - Madonna é f*

"Forget about the bad times, oh, yeah".

Tem sido uma jornada angustiante ver todo o caos que a ambição disseminou - quanta gente aguardando resgate, quanta gente precisando de colchão, os desaparecidos. 

No meio disso veio a Madonna. 
Os anos 1990 foram anos de famílias sofrendo pela austeridade de governos neoliberais. Universidade, só pagando, tudo era gasto pro FMI. Pouco restava aos adolescentes além dos seus The Immaculate Collection e Legião. 

O show foi cheio de energia. Não é caridade, a Madonna bebendo cerveja é algo que eu podia ter vivido sem. Mas é entretenimento de alta qualidade - muito ensaio, produção cuidadosa; que outro show você viu desde 2000 que sabe tornar um palco numa festa melhor que esse? Estamos falando de uma artista com 65 anos, num calor infernal. 

Em um momento tocante, ela anuncia que vamos viajar por sua vida. A primeira parte é seus sucessos iniciais, tom punk pop, são músicas que não são as que me empolgam, mas que são clássicos. Couro e roupas coloridas, brechó. Imaginando o calor nesse Rio de 27 graus. 

O show decolou. Surge uma coreografia vermelha, parece grupo Corpo. Artes plásticas. Pausa para descanso. Lembro que ela esteve na UTI - cantou I Will Survive logo depois. 

A parte realmente morna é o lance todo dos anos 1990, com a música que ninguém canta em casa, "ponha suas mãos por todo meu corpo". Legal, só. Não sou capaz de entender a maioria das coisas a seguir, acho que é ignorância. Um apocalipse com homens do exército, quero pensar que Madonna é uma mulher árabe falando contra a guerra. Bonito.
(continua...)
https://jornalggn.com.br/cultura/madonna-duas-horas-de-historia-bem-contada-por-afonso-lima/ 





quarta-feira, maio 01, 2024

Bat and the Yellow Diamond (English version)

Senator Wiker screamed in front of a fire. Young people threw comics into the fire.

- We will end the violence! For the end of criminal comics!

Bat watched from the top of a building. In the background of the landscape, the smoke from a chemical factory and the shadow of the nuclear plant hovered over the city.

His nephew Robini had been murdered by the mafia. He couldn't understand.

His parents had been spied on by the dictatorship. An uncle of his had been tortured. His mother, a doctor, had managed to prove that the government was spying on the family, generating commotion in the city. Isis was her secret weapon.

How would his parents view the current situation, in which fanatical churches and mafiosi sponsored politicians?

He talked alone with the ghost of old Butler. (How many Nazis had he condemned with his talent for secret codes).

Mr. Ed. W. had purchased mines in Africa three decades ago. Local legends said that, in one of them, he had met a nefarious creature called Nightmare, who had infected him with his soul disease.

His son was born with strange gifts. As a child he had been lost and, upon returning, drew scenes from what was later called the "House of Horror".

His parents had died in a strange robbery at home.

The leader of an eccentric circus, Evil Laugh, had been arrested for what happened, but no concrete evidence was ever found.

Morcego - in his daytime attire - had used his fortune to create a successful publishing company. He had entered the film business.

He had started to have strange dreams. Roberto, one of their most talented designers, an 18-year-old gay man who came from a history of family violence and shelter for minors, didn't seem to be doing well.

- These fascists will end everything! They're going to arrest us! -he said.

He was afraid to get closer.

Meanwhile, Mister Egg, the controversial TV presenter, played by the beautiful Cassandra L., denounced the "red cultural industry", which was going to lead us to tyranny.

Necromancer had sent him a message from Robini's supposed spirit: "Yellow Diamond." Strange that this ambiguous being wanted to help him.

Madame Ching, the rich 80-year-old heiress, owner of the most extravagant Gothic mansion in Gothic, was his advisor at these times.

- Sit down, little vampire, let's drink that dark tea.

Afonso Jr. Lima

terça-feira, abril 30, 2024

Morcego e o Diamente amarelo

Senador Wiker gritava em frente a uma fogueira. Os jovens lançavam quadrinhos no fogo.

- Acabaremos com a violência! Pelo fim dos quadrinhos criminosos! 

Morcego observava do alto de um edifício. No fundo da paisagem, a fumaça de uma industria química e a sombra da usina nuclear pairavam sobre a cidade. 

Seu sobrinho Robini havia sido assassinado pela máfia. Ele não conseguia entender.

Seus pais haviam sido espionados pela ditadura. Um tio seu havia sido torturado. Sua mãe, médica, conseguira provar que o governo espionava a família, gerando comoção na cidade. Isis era sua arma secreta. 

Como seus pais veriam a situação atual, em que Igrejas fanáticas e mafiosos patrocinavam políticos?

Ele falava sozinho com o fantasma do velho Butler. (Quantos nazistas havia ele condenado com seu talento para os códigos secretos). 

O senhor Ed. W. havia comprado minas na África há três décadas. Lendas locais diziam que, em uma delas, encontrara-se com uma criatura nefasta chamada Pesadelo, que o contaminara com sua doença da alma. 

Seu filho nascera com estranhos dons. Quando criança havia se perdido e, ao retornar, desenhou cenas do que depois se chamou "Casa do Horror". 

Seus pais haviam morrido em um estranho assalto dentro de casa. 

O líder de um circo de excentricidades, Risada Maligna, fora preso pelo ocorrido, mas nunca se chegou a uma evidência concreta. 

Morcego - no seu traje diurno - usara sua fortuna para criar uma editora de sucesso. Entrara no ramo do cinema. 

Começara a ter sonhos estranhos. Roberto, um de seus desenhistas mais talentosos, jovem gay de 18 anos, que vinha de um histórico de violência familiar e abrigo, não parecia estar bem. 

- Esses fascistas vão acabar com tudo! Vão prender a gente! - dizia.  

Ele tinha medo de se aproximar. 

Enquanto isso, Mister Egg, o polêmico apresentador da TV, interpretado pela bela Cassandra L., denunciava a "indústria cultural vermelha", que ia nos levar à tirania. 

Necromante havia lhe enviado uma mensagem do suposto espírito de Robini: "Diamente amarelo". Estranho que esse ser ambíguo quisesse ajudá-lo. 

Madame Ching, a rica herdeira de 80 anos, dona da mansão gótica mais estravagante de Gótica, era sua conselheira nesses momentos. 

- Sente-se, vampirinho, vamos tomar aquele chá escuro.

***

Afonso Jr. 

segunda-feira, abril 08, 2024

sábado, abril 06, 2024

domingo, fevereiro 25, 2024

domingo, fevereiro 11, 2024

sábado, fevereiro 03, 2024

domingo, janeiro 28, 2024

quarta-feira, janeiro 24, 2024

quinta-feira, janeiro 04, 2024

GGN - EM DIREÇÃO À CAMINHADA DO SILÊNCIO: NORDESTE

O Movimento Vozes do Silêncio, representado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política (NM) e pelo Instituto Vladimir Herzog (IVH), com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil Secção São Paulo (OAB/SP), da Secretaria de Direitos Humanos do Município de São Paulo, e do Jornal GGN, informa que a IV Caminhada do Silêncio está sendo planejada para se realizar no dia 31 de março de 2024, um domingo, a partir das 15 horas.

A mediação fica a cargo do projeto artístico-político Nunca Mais, surgido em torno do média-metragem sobre Zuleika Angel de mesmo nome (@nuncamais.ofilme). 



EM DIREÇÃO À CAMINHADA DO SILÊNCIO: NORDESTE - 04/01/24


sábado, dezembro 30, 2023

quinta-feira, dezembro 21, 2023

Anuvianos

 Quando os anuvianos chegaram, o presidente da raça branca foi falar com eles com solenidade:

- Temos raças inferiores para alimentar vocês, se for necessário. 

Mas, como seu alimento era proteína, tinham uma espécie de culto às espécies que tinham muita proteína, e a pele mais escura era respeitada.

A teia foi colocada sobre os bairros mais nobres e seus moradores consumidos sem trégua.

Toda uma educação da superioridade proteica foi desenvolvida e, em duas gerações, as raças não-brancas tinham por natural que os bairros-refeição nunca poderiam acabar. 

Menos para Luna. Ela dizia na escola que não se podia comer gente como se fossem vacas. 

Nos seus pesadelos havia uma porta por onde ela passava, mas nunca conseguia ver exatamente para onde. 

Afonso Jr 

terça-feira, dezembro 19, 2023

Anuvians

 When the Anuvians arrived, the president of the white race went to speak to them solemnly:

- We have inferior races to feed you, if necessary.

But, as their food was protein, they had a kind of cult for species that had a lot of protein, and darker skin was respected.

The web was placed over the most upscale neighborhoods and their residents were consumed without respite.

An entire education of protein superiority was developed, and within two generations the non-white races took it for granted that the dining-quarters could never end.

Except for Luna. She said at school that you couldn't eat people like they were cows.

In her nightmares there was a door she walked through, but she could never see exactly where.

Afonso Jr

sexta-feira, dezembro 01, 2023

terça-feira, novembro 21, 2023

segunda-feira, novembro 20, 2023

En Tlön (ESP)

Los caminos se bifurcan

Cuando en Tlön

Esperanza produjo 

un objeto extraño

duplicando el cambio 

en suicidio - vio

el forastero de su 

propio país

ruinas circulares 

y templos quemados

El giro de las estrellas 

es inevitable.

Más de un dios-rey 

duerme en el desierto

las horas enseñan

El mundo es infinito.
AJR

Em Tlön

Os caminhos se bifurcam

Quando em Tlön

A esperança produziu

um objeto bizarro

duplicando a mudança

em suicídio - viu

o forasteiro de seu

próprio país

ruínas circulares

e templos incendiados

O giro das estrelas

é inevitável

Mais de um rei-deus

dorme no deserto

As horas ensinam

O mundo é infinito.

AJR

sexta-feira, outubro 27, 2023

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill (ESP)

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill, se encuentra en el Teatro San Martín con la dirección de Luciano Suardi.

La escenografía de Rosana Rodríguez y Juan Cruz Muños López es lo primero que deslumbra. Se adapta muy bien a estos seres, aunque tememos que los actores se caigan por las largas escaleras.

El impacto de la obra es inmenso, los actores, empezando por Arturo Puig (78 años), desbordan carisma y sutileza. Puig logra momentos de emoción muy convincentes, en una obra que, por tratar situaciones extremas, siempre puede caer en lo artificial.

La elección de este montaje es mostrar a la familia bajo la luz del amor. Podría ser melodramático, pero no. La versión cinematográfica de 1962 está mucho más llena de veneno y ambigüedad. Aquí esto se debe a Selva Alemán (79 años), quien logra mostrar un rostro romántico y sufriente del personaje Mary Tyrone.

Lautaro Delgado Tymruk es un apasionante alter ego de Eugene O'Neill, porque la tragédia de O’Neill es saturación y no desenlace. Su conmovedora actuación permite al público identificarse con ese ser humano más normal, que será testigo entre tantos titanes.

En toda la obra, la única escena que nos molesta es precisamente la de Diego Gentile, un actor brillante, pero que al final aparece como un borracho de dibujos animados, con explosiones previsibles y un vestuario muy correcto. Julia Gárriz interpreta sin exagerar a una criada divertida e inteligente.

Si la tragedia griega es el colapso del destino, el sufrimiento en la tragedia estadounidense moderna es el infierno de las pasiones.

En O’Neill chocan la aceleración de la tragedia y el hundimiento de la poética propia de tiempos fracturados.

Es teatro épico -novelístico- en el que se expresan ideologías -mundos internos-, un poco como en “Los demonios” de Dostoievski, con la diferencia de que la familia es el mundo.

El dramaturgo es Edmund, y en esta familia patriarcal de artistas el centro también ha perdido el autocontrol. 

Si Estragon y Vladimir fueron servidores antes de la Revolución Francesa, aquí están aquellos "fuera de lugar" (E.Said) - o "fuera de tiempo" - como artistas, que crean el tiempo de la palabra. El capitalismo convirtió a este padre en un vendedor de arte, como resultado perdió un hijo, su esposa no pudo soportar la pérdida.

La caída del padre es el mundo de la destrucción de las jerarquías. Es un universo melancólico, lleno de frustraciones, que expone la pesadilla del sueño americano. Mary sería una mujer dominante hoy, pero nació demasiado pronto. Mikhail Bulgakov era adicto a la morfina, como la protagonista, y también menciona la morbosa soledad a la que la droga lleva a la matriarca.

Pero, para generar la aceleración de la tragedia, muchas cosas quedan fuera, por ejemplo, el mundo e sus rupturas. Hubo que editar muchas cosas para que la noche encajara con ese día. Sin embargo, el microscopio de las pasiones de esta familia magnifica la realidad. Y el realismo se desmantela cuando la dependencia crea un mundo de ensueño. Lo que hace grande a este texto es la conciencia novelesca de los personajes -dicen que son "de la materia de los sueños"-, su constante inestabilidad, su incapacidad para observar a los demás fuera de sí mismos. A veces hablan de forma metateatral.

Era otra época, en la que la familia era tortura y consuelo. La verdad, aquí es un arma de destrucción; pero algo flota por encima de la venganza, y la poesía parece redimensionar todo el rencor.

Alfonso Jr. Lima

dramaturgo y filósofo

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill.

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill, está no Teatro San Martín com direção de Luciano Suardi.
A cenografia de Rosana Rodríguez e Juan Cruz Muños López é o primeiro que deslumbra. Acomoda muito bem esses seres, mesmo que temamos que os atores vão cair da longa escada. 

O impacto da obra é imenso, os atores, a começar por Arturo Puig (78 anos), transbordam carisma e sutileza. Puig consegue momentos de emoção muito convincentes, numa peça que, por tratar de situações limite, pode sempre cair no artificial. 

A escolha dessa montagem é mostrar a família sob a ótima do amor. Poderia ser melodramático, mas não. A versão cinematográfica de 1962 é muito mais cheia de veneno e ambiguidade. Aqui, isso se deve a Selva Alemán (79 anos), que consegue mostrar uma face romântica e sofrida da personagem Mary Tyrone. 

Lautaro Delgado Tymruk é um alter ego de Eugene O’Neill emocionante, porque a tragédia de O'Neill é saturação e não resultado. Sua performance comovente permite a identificação do público com aquele ser humano mais normal, que ficará como testemunha entre tantos titãs. 

Em toda peça, a única cena que incomoda é justamente com Diego Gentile, um ator genial, mas que aparece como um bêbado de desenho animado no final, com explosões previsíveis e com figurino corretíssimo. Julia Gárriz faz uma empregada engraçada e inteligente sem exageros.

Se a tragédia grega é o desabar do destino, o sofrimento na tragédia americana moderna é o inferno das paixões. 

Em O’Neill brigam a aceleração da tragédia e o mergulho do poético típico de tempos fraturados. 

É teatro épico - novelesco - em que as ideologias - os mundos internos - se expressam, um pouco como em "Os Demônios" de Dostoiévski, com a diferença de que a família é o mundo. 

O dramaturgo é Edmund, e, nessa família patriarcal de artistas, o centro também perdeu seu auto-controle.  

Se Estragon e Vladimir seriam servos antes da Revolução Francesa, aqui são aqueles "out of place" (E.Said) - ou "out of time" - como os artistas, que criam o tempo da palavra. O capitalismo fez esse pai um vendedor de arte, com isso perdeu um filho, a esposa não suportou a perda. 

A queda do pai é o mundo da destruição das hierarquias. É um universo melancólico, de frustrações, que expõe o pesadelo do sonho americano. Mary seria uma mulher dominante hoje, mas nasceu cedo demais. Mikhail Bulgákov foi viciado em morfina, como a protagonista, e também cita a solidão mórbida a que a droga leva a matriarca.

Mas, para gerar a aceleração da tragédia, fica de fora muita coisa, por exemplo, o mundo e suas rupturas. Muito teve de ser editado para que a noite coubesse nesse dia. Porém, o microscópio sobre as paixões dessa família amplia o real. E o realismo se desmonta quando a dependência cria um mundo de sonho. O que faz grande esse texto é a consciência romanesca dos personagens - dizem que são da "matéria dos sonhos" - sua instabilidade constante, sua incapacidade de observar os outros lá fora do eu. Em alguns momentos, falam de forma meta-teatral. 

Era outra época, na qual a família era tortura e conforto. A verdade, aqui é um arma de destruição; mas algo paira acima da vingança, e a poesia parece redimensionar todo o rancor. 

Afonso Jr. 



The touch

   world 

there is a word 

world word

   world of word 

word is a world 

world I touch with word 

AJR

terça-feira, outubro 24, 2023

sábado, outubro 21, 2023

Animais humanos

Caçados como animais
Anjos dentro da terra
Animais humanos
Eles nos chamam

Caminham sobre as pedras
Buscam água
Arrastam seus ossos
Desistem da vida

Animais humanos
Em pedaços no caminho
Fogo do inferno
Não pertencem a nenhum lugar

Minhas asas invisíveis
Sobre os que choram
Sobre os exilados
Nosso silêncio de lágrimas

Afonso Lima

sexta-feira, outubro 06, 2023

domingo, setembro 24, 2023

O silêncio e o labirinto

O juiz mandou fechar A Liga. 6 mil documentos com provas de horrores foram perdidos.

Elas buscavam juntar os dados para a Comissão que chegaria ao país. 

A Junta buscava o silêncio. 

Formulários, testemunhos, assinaturas. 

- Mas onde vamos guardar isso? Não podemos pisar na praça.

Uma delas teve uma ideia. Bateram na porta de Jorge Luis. 

Durante anos, havia feito humor.

Ao atravessar uma rua, a pessoa que o guiava perguntou se não temia ser guiado por um peronista.

- Eu também sou cego, respondeu. 

Senhoras contaram seu medo na sala. Torcidas de futebol as haviam ameaçado. 

Ninguém assumia nada. 

Uma companheira que levava informações ao exterior, Adriana, havia desaparecido. 

- Não foram julgados, não estão em prisões?

- Isso é o que queremos saber. 

Ele abriu uma porta na biblioteca.

Quantos andares tinha aquilo?

Assim trabalharam no infinito de histórias.

Cento e cinquenta recebidas pelos estrangeiros. 

- Forças do Exército, da polícia. O silêncio total. 

Um mês depois, trouxeram flores.

O homem cego as cheirou. Ligou para Adolfo, confabularam.

Os jornais do mundo todo estamparam:

"JLB e os maiores escritores da Argentina exigem lista de desaparecidos". 

Afonso Lima 

quinta-feira, setembro 21, 2023

El funeral del poeta

En el funeral del poeta

Caminaron en silencio

La ciudad vacía


Llora el presente

En el funeral del poeta

Alguien cantó una canción

Las raíces todavía crecieron

Noche estrellada

AJr

quinta-feira, agosto 10, 2023

Harmonia

eu não criei a terra

o eu bem pouco aqui 

você não criou raiz

tempo existia já bem antes 

mãe antiga do sol

sacerdotisa 


bem antes eles arrancaram

as primeiras raízes

um parque era o nome

ainda o parque não dava lucro

eu era menino nesse verde 


esses dias eles arrancaram

mais raízes, agora, lodo

o tempo tem dono 

a terra viverá 


Afonso Lima