Deyse da Injeção. O nome já parece algo absurdo.
E quanta dignidade! No Jô Soares vemos uma mulher inteligente, doce, que foi empregada doméstica, como sabemos, anos e anos ganhando aquela miséria (o salário mínimo, segundo o DIEESE, deveria ser 1.500 reais) e se matando de trabalhar. (De modo até irônico, o operador do áudio do Congresso que vazou para a cadeia disse: “eu não ganho bem...”)
Depois, com Marcio Garcia, ela fala que “as pessoas da comunidade até se afastam quando chega perto um carro ou coisa assim, pois a gente sabe do preconceito, que vão nos tirar pra bandido”... e ainda: “eu fazia melody (funk romântico) antes e ninguém me deu espaço; aí comecei a fazer duplo sentido e me abriram as portas”.
“Ta ardendo, ta entrando...”
De um lado as senhoras de meia-idade chocadas, de outro, a meninada adorando o clima “Daku é bom” das letras...
Os antropóloucos de plantão adoram dizer “mas é a cultura deles”. E quando se aparece na TV, se comenta: “que lindo, estão sendo incluídos”.
É um jogo duplo: os cidadãos estão confrontados com baixíssimos salários e com novas autoridades do emprego disponível (uma vez vi um apresentador dizendo “quem ama seus filhos, não faz isso...”, o olhar burgues, pois não há comida, mesmo!), e produzem algo com o que recebem. (O ritmo é maravilhoso) Vemos então os apresentadores de TV falando que “incentivam a comunidade”, vendendo esse funk.
Tudo bem. Mas adoraria ver Deyse, por circunstâncias, "da Injeção", escrevendo algo baseado em Madame Bovary. Como advogada. (Ou uma compreensão "de dentro"sobre a origem das cousas). É um conformismo moderninho: por que um pobre gostaria de ler? Não, “Daku é bom...”
Ajr
2 comentários:
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