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segunda-feira, abril 30, 2012


Mulher de Loth


 (David)

Eu paro em frente aos livros e acho o improvável
Minha mão faz coisas que eu não penso
Eu quero um pouco desse fogo
Que sabe implacável o destino em sal e enxofre
(Confissão, contrição e penitência
Talvez sejam, sim, servas da soberba,
Do seu carro, as rodas que nos levam
Inveja e luxúria sejam)
Não quero o progresso cego
(A destruição com um bom nome)
Que pai ou irmãos fazem e calam
Lembrar é meu, assim como a melancolia
(Não existe ontem, nem amanhã, suspeito -
apenas significado
Perder tempo contando o que corre
É um dom dos humanos)
Quero a chave de ouro e a de prata
Dos segredos da chuva e da ira
(compreender como tudo funciona
também é tedioso)
Um Deus em corpo para mim é pouco
Que mal e inferno alimentam meu dia
(O Deus da espada, e o oculto,
que dá corda no relógio
São bobos e me fazem rir -
rir, esse presente sagrado
o deus primordial, talvez, que criou tudo)
Também um mecanismo de acasos formado
Não explica o que vivo, vejo e toco
Só quero a sabedoria que sinto na pele
Quero as leis secretas e a estrada derivada
É orgulho bom, e sei que não sou tudo.



Licença Creative Commons
O trabalho Mulher de Loth de Afonso Jr. Ferreira de Lima foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em http://afonsojunior.blogspot.com/.

sexta-feira, abril 27, 2012



D i á r i o O fi c i a l
P o d e r L e g is l a t i v o
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Monica Ferrero


Educação e Cultura faz audiência pública pela
reabertura do Cine Belas Artes
comissões



A Comissão de Educação e Cultura realizou nesta
quarta-feira, 25/4, audiência pública para debater a
desapropriação e a reabertura do Cine Belas Artes,
existente desde 1943 e considerado um ícone cultural
da capital. 


O cinema foi fechado no dia 27/1/2011, após
perda de patrocínio e de diversas tentativas de acordo
com o proprietário do prédio que pediu aumento do
aluguel ou a entrega do prédio. Há indicações que se
pretende vender o imóvel para instalação de uma loja
de departamentos. Desde então, tem havido diversas
campanhas pela sua reabertura.


A questão do tombamento do Cine Belas Artes
está sendo analisada pelo Conselho Municipal de
Preservação do Patrimônio Histórico (Compresp) e
pelo Conselho Estadual de Proteção do Patrimônio
(Condephaat). 


Também foi instalada, em 2012, na
Câmara de Vereadores de São Paulo, uma CPI, presidida
pelo vereador Eliseu Gabriel, para apurar a regularidade
do processo de tombamento do imóvel, bem como o
atendimento da função social do Cine Belas Artes como
marco cultural da cidade de São Paulo.


Tombamento


A presidente do Condephaat, Fernanda Bandeira de
Mello, disse que o conselho entende que o alcance do
tombamento não resulta na manutenção da programação
do Belas Artes. Por isso, optou-se pela abertura do processo
de registro de memória, o que significa reconhecer o valor
de patrimônio imaterial do cinema como local de cultura.


Essa posição do Condephaat foi questionada
pelos representantes de movimentos civis em favor
da manutenção do cinema, por considerarem não ser
possível separar o tombamento físico do imaterial.
Eles entendem que é preciso preservar o prédio antes
pois, apesar da promessa do proprietário de que não o
demolirá, isso não é garantido.


Participaram do evento diversas entidades, como
Movimento pelo Cine Belas Artes, Via Cultural,
Preserva São Paulo, Conselho Nacional da Juventude,
e representante do vereador Eliseu Gabriel, que
destacaram a importância de sua programação cultural
diferenciada da dos demais cinemas. 


As entidades preocupam-se também com a especulação imobiliária,
que está acabando com espaços culturais. O urbanista
Nabil Bonduki disse que o fechamento de cinemas de
rua é um grave sintoma da desertificação das ruas, o
que é inclusive um problema de segurança pública.


“São Paulo tem desprezado seu patrimônio tombado,
e as referências culturais ficam apagadas da memória
da cidade”, lamentou o deputado Carlos Giannazi
(PSOL), autor do pedido da audiência. Ele anunciou ter
protocolado o Projeto de Lei 160/2012, que autoriza
o governo do Estado a desapropriar o prédio do Cine
Belas Artes. 


Expressaram apoio à reabertura do Cine
Belas Artes os deputados Beto Tricoli (PV), Roberto
Engler e Ary Fossen (ambos do PSDB) e Leci Brandão
(PCdoB). O deputado Simão Pedro (PT), presidente da
comissão, disse que fará gestões para a marcação de
uma audiência com o secretário de Cultura, Marcelo
Araújo, para falar sobre a questão e informou que
levará as demandas ao Ministério da Cultura.



Proposta autoriza Estado a desapropriar prédio do cinema
projetos



Da assessoria do deputado Carlos Giannazi


Apresentado recentemente
na Assembleia, o Projeto de Lei
160/2012, de autoria do professor e
deputado Carlos Giannazi (PSOL),
prevê que o governo do Estado possa
agir em defesa do patrimônio cultural
— no caso, o histórico Cine Belas
Artes — desapropriando o prédio
onde o cinema, localizado muito
próximo da esquina entre a avenida
Paulista e a rua da Consolação,
funcionou por décadas. 


Na opinião
do deputado, o Cine Belas Artes
“é um monumento cultural da
cidade, um espaço símbolo, um
ponto de cultura que não pode
desaparecer sob os argumentos
da propriedade privada e da
ganância pelo lucro, cuja ação
penaliza e ajuda a enter rar
par te impor tante da história
cultural paulistana das últimas
décadas”.


Giannazi entende que o poder
público tem a responsabilidade de
se pronunciar e encaminhar uma
alternativa para o fechamento da sala. O deputado vem
desde o início de 2011 agindo e tentando sensibilizar
as três esferas de governo para salvar a cultura desse
prejuízo. Giannazi encaminhou ofícios às secretarias
de Cultura do Estado e do município de São Paulo,
e também ao Ministério da Cultura, pedindo que
os mesmos desapropriem o espaço do Belas Artes.


Também organizou audiência pública em meados de
2011, que contou com a participação de historiadores,
cineastas e representantes de entidades de defesa do
patrimônio histórico e artístico; na sequência, foram
enviadas cópias deste debate aos governos federal,
estadual e municipal.


carlosgiannazi@uol.com.br



sábado, abril 21, 2012

Rembrandt

Caravaggio



Peter Greenaway!





Com

domingo, abril 01, 2012

Epoché
Está muito frio. As folhas estão tremendo, o som dos carros, o som do pássaro (será um pássaro ou um ser mitológico com voz humanóide?).
Ontem, mais um casarão virou pó. Eu virei pó, de preguiça, de fugir, de alto à baixo, da direita para a esquerda. É a internet, a novela, especulação imobiliária, a mídia, ainda a metafísica ou a razão, os agrotóxicos. Eles fugiram para a cidade de mentira e vivem no campo, eles vivem sozinhos com suas máquinas em rede, nossos funcionários receberam dinheiro e venderam nossas terras, tijolos e janelas.
É preciso tecer o passado com o futuro, lembro dos meus primeiros. Escola. Quando a água pinga na teia de aranha. A neve em pleno verão. Sonhos, fadas, recriando com palavras um mundo vazio. Deuses brigaram por um garoto da Índia, fora dos eixos, um carrossel desgovernado. O amor.
Eu lembrei ontem dessa história na hora da tempestade.
Lembrar tecer sorrir parar permanecer.
Se os olhos estão abertos.
Uns sabem, na dor, mas seu saber é pouco.
Outros, por saber, nas moléculas, se perdem. Floresta do esquecimento.
Está muito frio e eu quero escrever sobre a destruição.
Sentado no jardim entre folhas e cimento.
O passado em ruínas.
A memória faz o questionamento.
Um eu na teia que resiste ao vento do mau progresso.
E como saber ler silêncio.

Afonso Jr. Lima