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Vovó, conta de novo a história da família?
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Sim, sim. Sentem aqui. Era uma vez um Rei Magnífico chamado D. João,
o Sexto. Ele estava melhorando o país, criando estradas, correios,
embelezando as cidades, criando Tribunais. Mas havia gente ambiciosa
e malvada querendo acabar com o Bom Rei. Em Caracas, Buenos Aires, em
toda a América, todos queriam agora governar. Um bandido caudilho
chamado Artigas, na Banda Oriental, acabou libertando os escravos. Louco! O Bom Rei do Brasil precisava de terras para plantar
café. Havia ainda muitos índios na terra. D. João mandou que
se fizesse uma guerra para limpar o
país dessa gente selvagem. A avó da sua avó era uma jovem índia
filha do cacique. Ela foi presa e trazida para a fazenda
do avô do seu avô. O maior traficante de escravos havia dado uma
quinta ao rei e ganhara um cargo importante. O
negro dava muito dinheiro. Muitos escravos compravam escravos - nos
dias de folga, trabalhavam para si. O avô do seu avô conseguiu um
cargo também por intermédio desse homem. Cada dia aumentava mais o
número de negros. Mas sempre há os dissolutos e desordeiros. O rei
de Espanha foi preso pelo demônio de Napoleão e se criou uma
Assembleia para os representantes da América Espanhola irem - a
plebe rude no poder. Em Pernambuco, que vendia algodão à Inglaterra
e aos Estados Unidos, surgiu uma rebelião contra a corte do Rio de
Janeiro. Os malvados fizeram Assembleia para aprovar leis, fizeram
governo deles por três meses, gente ingrata. Eles estavam perto de
Portugal, mas agora estavam longe do Rio. Os mineiros uma vez haviam planejado uma República Mineira, por causa dos revoltosos
norte-americanos; os bahianos haviam falado como os radicais franceses, que
cortaram a cabeça do rei. Agora Pernambuco estava sendo atrevido,
rebelde, muito mais radical. O avô do seu avô lutou contra eles comandando
as tropas da Bahia. Todos parecem agora ambiciosos, ociosos e
devassos. A Era de Ouro, na qual reinava a paz e os homens eram trabalhadores e disciplinados, terminou. Por fim o Bom Rei D. João tem de
voltar para Portugal e se submeter aos rebeldes de lá: as Cortes
queriam controlar o Monarca. Uma Constituição! São contra a lei
natural, dizem que todos são iguais! Nossa família começa a lutar
contra a abolição dos negros, que é contra a lei e a propriedade.
Cabe a vocês defender a liberdade.
O trabalho D. João de Afonso Jr. Ferreira de Lima foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em http://afonsojunior.blogspot.com/.
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