Eu queria falar do vestido puído
do branco do campo
da casa oca e do tempo lutado
entre o sistema doído e o íntimo
sufocado
Mas o que posso é o soco
do mundo palco
pão pouco
na casa pouca
sempre
palafita vida
sempre
trânsito
para talvez alguém
cidadania aflita
para verificação
cidadão corpo
estudante marginal lei em desaparição
a multidão de formigas focadas
os gritos de esperança cortados
as línguas em trabalhos de eras
suturadas na multiplicação, rompidas
quando irrompe o fogo em preto e branco
procedimento puro. boi
o vidro azul que cobria denso profundo
inferno. sombra antiga
inferno. sombra antiga
da república. um silêncio de tempo deslizando
frio. arte incriada das gerações pela flor da bala rasgada. hábito de guerra
na prateleira e monótono sumiço
Os sonhos do corpo em desafogar-se
Do caminhante da rua em sentir-se em duração
cavaleiro pedreiro em ser andante e amar pele geral
Sem ser apócrifo seu sonho, gemido desgosto
exterminado em enfermidade longa
transitar do quase-homem para o zero-quase
invisível ser sem relação
Eu falaria da vaga do horizonte
e do sol que irrompe
mas não.
Desaparecido de Afonso Jr. Lima é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
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