Anju Mami deveria acompanhar seu tio, lenhador, para cortar os pinheiros. Ele ficava tirando a neve do redor das árvores e seu tio derrubava, enfiava um pedaço de ferro em cada extremidade de cada pedaço já cortado de tronco, criando uma fenda, e separava as duas metades com as mãos. Sempre tiramos somente o necessário, o tio dizia. Eles estão vivos e pertencem ao deus dos pinheiros. Antes pedia sempre a Anju Mami que acendesse um pequeno fogo para o deus, dentro de um buraco num tronco ou fazendo um pequeno templo de gelo, ao lado do qual eram depositados doces. Anju Mami estava com preguiça. Não fez nada. Depois de uma manhã inteira de trabalho, foi buscar água no riacho, eram águas aquecidas que nunca congelavam. Mas ele se perdeu. chegou numa casa de madeira onde foi recebido por uma linda moça em um quimono vermelho. Ela lhe serviu chá e dançou para ele. Ele comeu e dormiu. Quando acordou, sentiu-se enjoado. Havia se tornado uma mulher. O quimono vermelho repousava a seu lado e ele o vestiu perturbado, colocou outro manto de e saiu para fora. Caminhou muito chorando pela neve até que avistou um palácio. Empurrou a porta de madeira e entrou. Não havia ninguém no palácio, que era decorado com lindas gravuras e caligrafias, ramos de flores em belos arranjos. Cada janela tinha uma paisagem. Em uma delas, caiam folhas vermelhas. Em outra, via-se o verde e peixes coloridos no lago. Em uma terceira, flores de cerejeira. Na quarta, a brancura infinita. No cômodo central, próximo a lareira, havia chá e doces. Ele comeu e depois voltou a caminhar pela neve. Finalmente encontrou o riacho de águas aquecidas onde ia buscar água. Seguiu a trilha costumeira e chegou até o local onde seu tio devia estar. Não havia ninguém e as árvores pareciam diferentes. Quando retornou à sua aldeia, Anju Mami foi considerado uma visão, pois, além de ter corpo de mulher, todos os seus amigos estavam velhos, seus pais haviam falecido. Soube que seu tio havia procurado por ele sem cessar durante um ano inteiro. Anju Mami passou a morar no cemitério, onde as pessoas levavam pequenas oferendas para ele.
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