Meu bisavô, dizia tio
Francisco, chamado Chiquinho por ser um taura de dois metros e vinte,
Chiquinho, herança do nordeste remoto, deixado há um século,
deputados da Paraíba, meu bisavô, dizia ele, estava na casa de um
inimigo político, mas irmão de caçada e churrasquiada, ele disse,
vamos derrubar a ponte pros teus amigos não invadirem nossas terras,
que era republicano, não, disse o Onorato Furnas, eles hão de vir
bem na semana ainda, que se nos pegam amigos nos furam, vou mandar o
peão recolher o gado e tu seca as botas no fogo da cozinha do chão,
e quando o sol se baixa e volta o peão afogueado, que já cruzaram o
rio, vem de passo largo os bandidos, o tempo pouco, joga uma capa
campeira por cima do couro, chapéu de aba velha, se esconde na
cozinha de terra batida, chega o capitão, Onorato que sua, mas que
nervoso é esse homem, se é nosso correligionário, sou mas nem pra
avisar essa gente, que carneava uma vaca pra receber, assim ficaram
contentes, o velho Joaquim coronel um pingo de gelo na espinha, e
vamos de trote nas casas todas, matar Nô, que Joaquim chamava, este
e aquele e as mulheres pegamos, e de vermelho o chão dos
republicanos, Joaquim dobra a barra da bombacha, como peão abaixa a
aba do chapéu, passa pelo meio deles, Onorato mudo, sobe no cavalo
e galopa, pegando todos de surpresa na alvorada, sangue do norte
cavalgado, fincado na terra por ideal de república, e sorvia o mate
Chiquinho, um taura que sempre lembrava.
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