O conto, de 1792, comoveu
gerações. Dostoiévski disse que esse foi o primeiro grande texto russo. As
pessoas faziam peregrinação ao mosteiro onde acaba a história. Hoje se sabe os
detalhes do fato real que o inspirou. Liza é a filha do camponês trabalhador,
que morava do outro lado do rio em Moscou, ao lado do bosque de carvalhos,
empobrecida com a morte do pai, e trabalhava dia e noite fiando, tricotando e
vendendo lírios na cidade. A pobre mãe só queria um bom casamento para a órfã. Um
jovem nobre por ela se apaixona e provavelmente consumam seu amor entre os
carvalhos centenários. Ele vai para a guerra e promete voltar para se casarem. O
desejo é forte, mas as dívidas por jogo o são mais. Ela o vê na cidade andando
de carruagem com outra moça. Ela o surpreende enquanto sai de casa, descobre
que essa é sua esposa, ele lhe dá dinheiro e pede que desapareça. O que sabemos
dos arquivos policiais é que ela não retornou para casa. Mandou o dinheiro que
o jovem lhe deu para a mãe por meio de um judeu conhecido, que vendia produtos nas
cabanas. Ela viveu na rua e em albergues durante um mês, até que começou a
trabalhar como ajudante em uma cozinha. Fez amizade com a empregada da casa. Quando
os nobres saíam, as duas jogavam, e ela ajudava a outra a limpar os quartos. Um
dia a esposa ficou grávida. Era domingo e a empregada não achou ruim servir no
café da manhã o bolo de ameixa. Todos foram encontrados mortos e uma mulher
gritou ao ver uma moça se jogar no lago, mas quando as pessoas da aldeia se
reuniram para tirá-la, já estava morta. A cruz de madeira no cemitério do
mosteiro, sob um carvalho sombrio, marca seu túmulo, e as jovens vão até hoje
lá depositar flores e pedir à pobre Liza um casamento feliz.
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